terça-feira, 10 de dezembro de 2013

VITIMAS DOS HOLIGANISMO NO BRASIL

REVISTA VEJA


Os torcedores vítimas da violência no Brasil

São Paulo, 17/10/1988

Cléo Sóstenes Dantas da Silva, palmeirense, foi morto a tiros em frente à sede da Mancha Verde, da qual era o presidente. É considerado a primeira vítima em brigas de torcidas no Brasil.

São Paulo, 23/01/1992

Rodrigo de Gásperi , corintiano de 13 anos, morreu atingido por uma bomba caseira lançada pela torcida do São Paulo num jogo contra o Corinthians, pela Copa São Paulo de Juniores, no Pacaembu.

Campinas, 12/10/1994

Sérgio Franceschini, corintiano de 14 anos, morreu pisoteado após uma briga de torcidas de Guarani e Corinthians, no estádio Brinco de Ouro, em jogo pelo Campeonato Brasileiro.

São Paulo, 15/12/1994

Paulo Sérgio Costábile Elias, corintiano de 31 anos, estava na caçamba de uma picape na avenida Henrique Schaumann (zona oeste) quando levou um tiro de um torcedor palmeirense após o clássico entre Palmeiras e Corinthians, na final do Campeonato Brasileiro.

São Paulo, 20/08/1995

Márcio Gasparin da Silva, são-paulino de 16 anos, morreu depois de levar várias pancadas na cabeça após uma briga entre torcedores de Palmeiras e São Paulo no gramado do Pacaembu, após jogo pela Supercopa São Paulo de Juniores.

Belo Horizonte, 11/04/2004

Francisco Agnaldo Felício, cruzeirense de 24 anos, foi espancado até a morte com socos, pontapés e barras de ferro durante uma briga com torcedores do Atlético-MG, antes de jogo entre as duas equipes pela final do Campeonato Mineiro.

Rio de Janeiro, 07/10/2005

Wilson Pompeu de Araújo, botafoguense de 29 anos, morreu baleado por um policial militar durante uma briga entre duas torcidas organizadas do clube carioca, próximo ao estádio Luso-Brasileiro, na Ilha do Governador, antes de jogo contra o Palmeiras.

São Paulo, 04/06/2009

Clayton Ferreira de Souza, corintiano de 27 anos, foi morto por torcedores do Vasco durante uma briga na Marginal do Tietê antes de jogo entre as duas equipes pela Copa do Brasil. Como represália, torcedores do Corinthians queimaram um ônibus de vascaínos nos arredores do Pacaembu, horas depois.

São Paulo, 29/08/2011

Douglas Silva, corintiano de 27 anos, foi encontrado morto no Rio Tietê dias depois de uma briga entre corintianos e palmeirenses, marcada pela internet, na avenida Inajar de Souza, zona norte de São Paulo. 

Rio de Janeiro, 19/08/2012

Diego Martins Leal, vascaíno de 29 anos, foi baleado durante uma briga com torcedores do Flamengo em Tomás Coelho, no Rio, quando um ônibus com flamenguistas passou por um grupo de torcedores do Vasco concentrados num porto de gasolina, logo depois do clássico entre as duas equipes pelo Campeonato Brasileiro.

Recife, 16/02/2013

Lucas de Freitas Lyra, torcedor do Náutico, de 19 anos, foi baleado em frente ao estádio dos Aflitos durante briga entre torcidas organizadas antes de jogo contra o Central. Ele está internado em estado grave num hospital de Recife.






CHEFES DA FORÇA JOVEM DO VASCO COMANDARAM PANCADARIA EM JOINVILLE

REVISTA VEJA 09/12/2013 - 20:02

Selvageria. Dois deles também estavam na briga com torcedores do Corinthians em agosto, em Brasília. Ministério Público tenta banir dos estádios as organizadas que participaram do duelo. Jovens comemoraram agressões no Facebook

Leslie Leitão, do Rio de Janeiro




A página de Naíba no Facebook: torcedor da Força Jovem do Vasco usava uma bermuda azul e foi filmado agredindo torcedores do Atlético-PR - Reprodução

Com auxílio de integrantes de torcidas organizadas, a reportagem do site de VEJA conseguiu identificar mais oito dos envolvidos na briga que deixou um torcedor em coma e outros três feridos em estado grave. Para a polícia, será – ou seria – relativamente fácil chegar aos culpados, pois as cenas foram filmadas pelas emissoras de TV que cobriam o jogo. Pelo menos quatro deles são líderes da torcida organizada Força Jovem do Vasco, e outros integram facções de menor porte. E o que é mais grave: dois deles participaram também da briga entre torcedores do Vasco e do Corinthians em Brasília, em 25 de agosto, no novo estádio Mané Garrincha. São eles Jonathan Fernandes, o Duda, que está preso em Joinville, e Philipe Sampaio, ambos da Força Jovem.

Um dos agressores filmados pela TV Globo é conhecido como Naíba. Lutador de jiu jitsu, ele é morador da favela da Marlene, no bairro do Jacaré, na Zona Norte do Rio. Em algumas das fotografias, ele parece tentar acalmar os ânimos – como ele próprio tenta destacar em sua página no Facebook. Os vídeos espalhados pela rede, no entanto, exibem Naíba desferindo socos e puxando pela bermuda um torcedor que tentava fugir. O rapaz agarrado por Naíba rola pelas arquibancadas. Ele é um dos líderes da Força Jovem, respeitado por sua força física e sua experiência em brigas de rua.

Ao lado de Naíba em quase todas as cenas da pancadaria está o presidente da Força Jovem do Vasco, conhecido como Bruno Fet, presidente da organizada. Com uma camiseta branca com uma faixa negra de cada lado, ele aparece no vídeo em uma posição semelhante a uma base de artes marciais, chamando a torcida adversária para o confronto. Torcedores que frequentam os jogos do Vasco afirmaram ao site de VEJA que Fet também é lutador. Como após a partida espalharam-se comentários sobre a briga pelas redes sociais, Fet tirou do ar, nesta segunda-feira, sua página no Facebook.

Outro integrante da Força Jovem é Marcelo Souza, conhecido como Marcelinho e “integrante da bateria” da torcida. Morador da favela de Manguinhos, ele aparece nas imagens de TV junto aos cerca de dez vascaínos que agridem um torcedor do Atlético-PR pisoteado durante a briga. O quarto integrante da Força identificado nas imagens é Jonathan Fernandes, o Duda, que foi preso em Joinville. Ele é o homem de mochila filmado agredindo diversos integrantes da torcida adversária.

Promotores de Justiça do Rio de Janeiro e do Paraná começaram, nesta tarde, a articular uma ação para banir dos estádios brasileiros as torcidas organizadas envolvidas na pancadaria no estádio. Estariam envolvidas, segundo os promotores, as torcidas Fanáticos, do Atlético-PR, e a Força Jovem do Vasco – além de pelo menos dois integrantes da Pequenos Vascaínos.

Aparecem nas imagens ainda Sadraque Gomes e Victor Vital, integrantes da torcida organizada Pequenos Vascaínos. Sadraque é o jovem alto, de camiseta e bermuda, que no vídeo foi flagrado partindo para cima de um cordão de policiais, supostamente sendo ‘contido’ por Naíba. A família de Victor Vital afirmou ao site de VEJA que o jovem chegou em casa e disse estava apenas apartando a briga.

Vital, que estava de viseira no estádio, não foi tão cuidadoso quanto seus comparsas ao postar comentários em redes sociais. Por volta das 16h30 desta segunda-feira, ele publicou a seguinte atualização de status no Facebook. “Galera, acabei de chegar ao RJ. Graças a Deus está tudo bem comigo. Fora essa COVARDIA por parte da torcida do Atlético. Só que se f.... A Força Jovem não deu mole para esses covardes”.

Presos - Além de Jonathan, está preso em Joinville Leone Mendes da Silva, o homem de cabeça raspada que empunhava um porrete com um prego em uma das extremidades. Conhecido como Curirim, ele mora na Baixada Fluminense.

Uma foto do desembarque de um grupo de integrantes de torcidas organizadas no Vasco, feita na manhã desta segunda-feira, mostra que a polícia perdeu a oportunidade de abordar alguns dos suspeitos envolvidos na pancadaria. O grupo posou reunido, com alguns dos torcedores comemorando a chegada com posições semelhantes às de luta.

DRIBLANDO A POLÍCIA E A JUSTIÇA

REVISTA VEJA 10/12/2013 - 18:33

SELVAGERIA. Torcidas organizadas driblam a polícia: até agora, só há três presos pela tragédia. Mesmo com a fartura de imagens da pancadaria na Arena Joinvile, policiais têm dificuldade de chegar aos responsáveis pela briga no último jogo do Brasileirão

Pâmela Oliveira, do Rio de Janeiro



Briga de torcedores durante partida entre Atletico PR x Vasco, válida pela última rodada do Campeonato Brasileiro, realizada no Arena Joinville (Joka Madruga/Futura Press)

É comum a polícia se valer de câmeras de segurança para obter pistas de autores de crimes. Uma imagem vale muito, quando a investigação começa no escuro. No caso da selvageria na Arena Joinville, na última rodada do Campeonato Brasileiro 2013, havia várias à disposição: a partida entre Atlético-PR e Vasco foi filmada em alta resolução, pela Rede Globo, e transmitida ao vivo, em vários ângulos, para todo o país. Além do vídeo, dezenas de fotógrafos estavam espalhados pelo gramado. Mas, todo esse material, que flagrou em detalhes os rostos dos brigões que, disfarçados de torcedores, promoveram um duelo nas arquibancadas e deixaram quatro feridos em estado grave, parece não ter ajudado muito. Tudo o que se tem, até o momento, é uma “troca de informações” sem muita precisão entre as polícias de Santa Catarina, do Paraná e do Rio de Janeiro, e só foram presos os três criminosos infiltrados na torcida do Vasco da Gama.

A maior parte das identificações dos envolvidos partiu da imprensa. O site de VEJA obteve, com auxílio de integrantes e ex-integrantes de torcidas organizadas, a confirmação de que os chefes da Força Jovem do Vasco comandaram a pancadaria em Joinville. Vários deles ainda comemoraram, no Facebook, seu “desempenho” na briga.

Estão presos em Joinville Leone Mendes da Silva, Jonathan Fernandes dos Santos e Arthur Barcelos Lima Ferreira. Estão identificados, mas soltos Philipe Sampaio, Naíba, Marcelo Souza, Bruno Fet, Sadraque Gomes e Victor Vital. A reportagem do site de VEJA solicitou à Polícia Civil do Rio informações sobre a situação desses torcedores. As investigações, no entanto, correm em sigilo.

O Núcleo de Apoio a Grandes Eventos (Nage) da Polícia Civil do Rio de Janeiro enviou documentos para a polícia de Joinville, responsável pelas investigações da briga entre torcedores durante a última rodada do Campeonato Brasileiro, no domingo. Entre o material enviado estão as identificações de torcedores envolvidos no confronto que terminou com quatro feridos e três presos.

"Temos um acervo de dados sobre torcedores de organizadas aqui do Rio. Tenho falado com o delegado que está a cargo das investigações no Sul e já enviei tudo o que temos. Nos colocamos também à disposição para eventuais diligências que precisem ser feitas aqui no Rio, já que parte dos que estavam envolvidos no tumulto são daqui", afirmou o delegado da Delegacia de Apoio ao Turismo (Deat) e responsável pelo Nage, Alexandre Braga, que se recusou a revelar detalhes sobre as informações disponibilizadas.

Nesta terça-feira, o delegado Regional de Joinville, Dirceu Silveira Júnior, instaurou inquérito para apurar a participação dos torcedores que não foram presos em flagrante. Dirceu tem recebido informações das polícias do Rio e de Curitiba, mas se recusa a revelar números de brigões identificados. “Ouvimos mais de 20 pessoas, entre vítimas, torcedores e testemunhas. Nossa inteligência está analisando as imagens de vídeo e fotografias para identificar a atuação de cada um dos envolvidos e fazer as identificações”, disse ao site de VEJA.

Questionado se a prisão de apenas três pessoas durante a briga que envolveu pelo menos 50, o delegado disse que não. Perdida a oportunidade de prender os brigões dentro ou na saída do estádio, a polícia agora pede ajuda da população. Criou um e-mail para receber denúncias sobre os brigões (denunciajogojoinville@pc.sc.gov.br).

Segundo Dirceu, os procedimentos de prisão em flagrante dos três vascaínos presos em flagrante – Jonathan, Leone e Arthur – foram enviados para a 1º Câmara da Comarca de Joinville. Os três continuam presos.

Organizadas – Nesta terça-feira, a torcida organizada Os Fanáticos, do Atlético-PR, assinou um Termo de Ajustamento de Conduta com o Ministério Público se comprometendo a ficar longe dos estádios por seis meses. O acordo, no entanto, não afastará os torcedores brigões dos estádios brasileiros. Segundo o promotor Maximiliano Deliberador, do Ministério Público do Paraná, o acordo proíbe a entrada de torcedores com camisas, bandeiras, faixas e instrumentos musicais com identificação da torcida, mas não impede que membros da organizada se reúnam nos estádios.

“No Brasil, não é feita a identificação dos torcedores nos estádios. Não se apresenta identificação. Então, é impossível proibir a entrada de determinado torcedor. Seria uma medida inócua proibir a entrada de torcedores específicos. Na prática, a assinatura do TAC tem como objetivo desestimular a reunião dos integrantes da torcida organizada ‘Os Fanáticos’, mas não impedirá que eles frequentem os estádios, combinem pontos de encontro ou cantem as músicas das torcidas”, admite Maximiliano.

No Rio, o Ministério Público entrará com uma Ação Civil Pública pedindo o afastamento da Força Jovem do Vasco dos estádios por três anos. A ação, assinada pelo promotor de Justiça Paulo Sally, pedirá que a torcida organizada seja proibida de cadastrar novos associados e de vender camisas e faixas ou qualquer material promocional por três anos. O promotor pediu a pena máxima prevista no estatuto do torcedor porque a organizada já descumpriu dois Termos de Ajustamento de Conduta.

A página de Naíba no Facebook: torcedor da Força Jovem do Vasco usava uma bermuda azul e foi filmado agredindo torcedores do Atlético-PR
A página de Naíba no Facebook: torcedor da Força Jovem do Vasco usava uma bermuda azul e foi filmado agredindo torcedores do Atlético-PR - Reprodução


No Facebook, torcedores comemoram a chegada ao Rio. Em destaque, Sadarque, Naíba e Victor Vital, que foram filmados trocando agressões em Joinville
No Facebook, torcedores comemoram a chegada ao Rio. Em destaque, Sadarque, Naíba e Victor Vital, que foram filmados trocando agressões em Joinville - Reprodução


Naíba - de bermuda azul - puxa um torcedor rival e troca socos durante a pancadaria na Arena Joinville. Bruno Fet, de camisa branca com listras pretas, parte para a briga
NNaíba - de bermuda azul - puxa um torcedor rival e troca socos durante a pancadaria na Arena Joinville. Bruno Fet, de camisa branca com listras pretas, parte para a briga - Reprodução

Jonathan Fernandes e Philipe Sampaio, em destaque: briga também no Estádo Mané Garrincha, em partida contra o Corinthians, em 25 de agosto
Jonathan Fernandes e Philipe Sampaio, em destaque: briga também no Estádo Mané Garrincha, em partida contra o Corinthians, em 25 de agosto - Sergio Lima/Folhapress

Philipe Sampaio na briga com torcedores do Atlético-PR, em Joinville
Philipe Sampaio na briga com torcedores do Atlético-PR, em Joinville - Reprodução

Foto do Facebook de Philipe Sampaio: vascaíno estava na briga com torcedores do Corinthians em Brasília, em agosto
Foto do Facebook de Philipe Sampaio: vascaíno estava na briga com torcedores do Corinthians em Brasília, em agosto - Reprodução

Jonathan Fernandes, de camisa branca, pisa em um torcedor do Atlético-PR; à esquerda, o homem identificado como Pierre, líder da torcida Ira Jovem
Jonathan Fernandes, de camisa branca, pisa em um torcedor do Atlético-PR; à esquerda, o homem identificado como Pierre, líder da torcida Ira Jovem - Reprodução

Jonathan Fernandes, um dos torcedores do Vasco presos depois da pancadaria em Joinville, também estava na briga com torcedores do Corinthians em Brasília, em agosto
Jonathan Fernandes, um dos torcedores do Vasco presos depois da pancadaria em Joinville, também estava na briga com torcedores do Corinthians em Brasília, em agosto - Reprodução

Sadraque Gomes, integrante da torcida do Vasco envolvido na pancadaria em Joinville
Sadraque Gomes, integrante da torcida do Vasco envolvido na pancadaria em Joinville - Reprodução

Leone Mendes da Silva, conhecido como Curirim, mora na Baixada Fluminense: preso em Joinville
Leone Mendes da Silva, conhecido como Curirim, mora na Baixada Fluminense: preso em Joinville - Giuliano Gomes/Folhapress

O Facebook de Marcelo Souza, torcedor do Vasco da Gama
O Facebook de Marcelo Souza, torcedor do Vasco da Gama - Reprodução

Torcedores do Vasco e Atlético Paranaense brigam durante a partida em Santa Catarina: Marcelo Souza, em destaque
Torcedores do Vasco e Atlético Paranaense brigam durante a partida em Santa Catarina: Marcelo Souza, em destaque - Heuler Andrey/AFP

Mensagem deixada na página de Marcelo Souza, elogiando a atuação na briga em Joinville
Mensagem deixada na página de Marcelo Souza, elogiando a atuação na briga em Joinville - Reprodução

Mensagem escrita no Facebook por Victor Vital: comemoração da atuação dos vascaínos na pancadaria
Mensagem escrita no Facebook por Victor Vital: comemoração da atuação dos vascaínos na pancadaria - Reprodução



QUEM NOS PROTEGE?


ZERO HORA 10 de dezembro de 2013 | N° 17640

CRISTIEL GASPARETTO


REPORTAGEM ESPECIAL


Nas vésperas da Copa do Mundo no Brasil, a violência nos estádios volta a ser manchete. O conflito entre torcedores de Atlético-PR e Vasco, no domingo, gera debates e questionamentos. De quem é a responsabilidade pela segurança? Para especialistas, do Estado.

Apresença da Polícia Militar na parte interna dos estádios é tema de debate desde a tarde do último domingo, quando cenas de barbárie foram registradas na Arena Joinville. A certeza é de que o exemplo de Santa Catarina, de não usar PMs em um jogo de risco, com torcidas acostumadas a confusões, mostrou-se equivocado. Para especialistas no tema violência no futebol, a segurança privada não tem a qualificação necessária para conter conflitos.

– Não estando no local (Joinville), não dá para saber se a segurança pública teria impedido. Mas se o país não conseguiu formar agentes públicos de segurança com mais inteligência, é difícil achar que exista preparo na segurança privada. O Estado não tem como abrir mão da segurança, isso até fere a nossa Constituição – comenta Heloisa Reis, professora da Unicamp e com pós-doutorado em Sociologia do Esporte.

Pesquisadora da violência e da prevenção dela no futebol, Heloisa destaca que agentes de segurança privada são bem-vindos, mas sendo preparados pela força pública.

– As brigas ocorrem por história de rivalidade entre clubes e torcidas. Há necessidade de conhecimento do problema, uma avaliação de risco. Esse jogo de domingo era de alto risco, um clube grande poderia ser rebaixado. Deveriam ter procedimentos de prevenção, uma divisão das torcidas por objetos intransponíveis – argumenta.

Para a professora, as organizadas são parte do problema. Ela culpa os promotores dos jogos por não evitarem a maioria dos conflitos.

– Os grupos violentos de torcedores são constituídos por homens que gostam de brigas e que desejam ser reconhecidos por isso. Se não há nenhum obstáculo físico entre os torcedores, o organizador falhou. Se não tem a força do Estado, o Estado falhou. Quem tem mais culpa? Aquele que não previu ou quem perdeu a cabeça? Cabe aos organizadores e ao Estado preverem estratégias que impeçam o contato. Falta ao Brasil trabalhar o tema com seriedade.

Opinião diferente tem o professor doutor George Felipe de Lima Dantas, formado na George Washington University, nos Estados Unidos. Para ele, muitas organizadas são gangues onde a violência e o crime são incentivados.

– A grande questão não é a torcida organizada, mas é em nome de quê elas existem? Se os clubes ajudam essas torcidas, eles estão patrocinando essa violência.

Promotor responsável pela Promotoria do Torcedor do Rio Grande do Sul, José Francisco Seabra Mendes Júnior, também é contrário à saída da polícia do interior dos estádios.

– Não estamos em um estágio de evolução cultural para desprezar o trabalho da Brigada. Tem o peso da farda, a BM realiza reuniões preparatórias, participa na prevenção. A segurança privada pode funcionar, mas como complemento. A BM tem know-how.

Projeto é cadastrar organizadas no RS

Entre as propostas para conter a violência nos estádios está o cadastramento das torcidas organizadas, que está previsto no Estatuto do Torcedor. Atualmente, tramita na Câmara de Vereadores de Porto Alegre um projeto que obriga os clubes a realizarem a identificação biométrica de quem frequentará a Arena do Grêmio e o Beira-Rio.

– A Argentina tem, fazem um cadastramento de todos os torcedores. É uma medida interessante, o torcedor perde o anonimato – opina o promotor Seabra.

No Rio Grande do Sul, os principais casos de conflitos são registrados entre torcidas do mesmo time, que brigam pela liderança.

– Estamos tentando a aproximação das organizadas com clubes, Federação Gaúcha de Futebol e autoridades de segurança.


Proposta gaúcha não evoluiu


Em setembro, a Brigada Militar procurou a dupla Gre-Nal e revelou que teve um gasto de R$ 8 millhões com emprego de policiamento nos estádios. A intenção era deixar de fazer o trabalho no interior da Arena e do Beira-Rio ou que a corporação fosse indenizada pelo serviço. A proposta, no entanto, não evoluiu, já que seria necessário a aprovação de um projeto de lei na Assembleia Legislativa.

– A BM se convenceu de que a presença dela é essencial, foi uma prova de bom senso. O conflito de multidões tem de ser gerido pela Brigada, que tem prática e recurso. Vamos continuar nos moldes que temos hoje – comenta o vice-presidente do Grêmio Nestor Hein.

Comandante do Comando de Polícia da Capital (CPC), João Diniz Godoi confirma que a Brigada gastou R$ 8 millhões com o trabalho nos estádios em 2012, devido ao deslocamento de efetivo e horas-extras.

– Retiramos o policiamento das ruas e concentramos nesse espaço (estádio) – enfatiza Godoi, que destaca a qualificação dos policiais.

– Temos pessoal preparado. Já fizemos finais de Libertadores, jogos da Seleção. Recebemos torcidas de Corinthians e Flamengo e nenhum incidente ocorreu.



segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

JOGO DE EMPURRA NA BARBÁRIE

PORTAL ESPN 09/12/2013, 06h00

Jogo de empurra: Polícia, MP, Prefeitura e Atlético-PR fogem de responsabilidade após barbárie em Joinville

Por Tiago Leme, de Joinville (SC), para o ESPN.com.br


Três torcedores presos, quatro feridos levados para o hospital e centenas de envolvidos em uma briga generalizada que paralisou o jogo entre Atlético-PR e Vasco, neste domingo, na Arena Joinville. As fortes cenas de violência na última rodada do Campeonato Brasileiro rodaram o mundo, mas as autoridades fugiram da responsabilidade pela confusão. Em um verdadeiro jogo de empurra, Polícia Militar, Ministério Público de Santa Catarina, Prefeitura e o clube paranaense, mandante da partida, jogam a culpa para o outro lado e negam ser responsáveis pela segurança no estádio.

O ESPN.com.br teve acesso ao contrato assinado pelo prefeito de Joinville, Udo Döhler, e pelo presidente do Atlético-PR, Mario Celso Petraglia, para a utilização da Arena Joinville. Pelo documento, o clube paranaense, que pagou R$ 25 mil pelo aluguel do estádio, teria a responsabilidade de garantir a segurança do jogo. Quatro artigos da cláusula terceira do contrato mostram exatamente as obrigações da diretoria rubro-negra:

"c) providenciar o aparato policial militar com o recolhimentos dos custos correspondentes; d) providenciar segurança privada com contingente suficiente para garantir a segurança do público; e) providenciar serviço médico, de enfermagem e ambulância conforme regem as competições; i) contartar seguro para cobertura de riscos; responsabilidade civil, obrigatórios na realização de eventos, danos pessoais de invalidez e assistência médica de eventuais sinistros que possa ocorrer no dia do jogo".

Reprodução/ESPN.com.br

Trechos do contrato assinado entre a Prefeitura de Joinville e o Atlético-PR

A principal polêmica após a pancadaria nas arquibancadas aconteceu por causa da ausência de policiais do lado de dentro do estádio. O procedimento teria acontecido devido a um pedido do Ministério Público de Santa Catarina para que a PM não fizesse a segurança de eventos particulares, como é o caso de uma partida de futebol. Esta decisão, no entanto, ainda não teria sido aprovada judicialmente, segundo explicação de Marco Aurélio Braga, secretário de comunicação da Prefeitura de Joinville.

"Tudo é uma questão de interpretação. O MP entrou com uma ação civil pública dizendo que nãoé responsabilidade do Estado ou da Polícia a segurança de eventos privados. Foi dada a entrada nessa ação agora no dia 2 de dezembro, e isso foi repassado à PM, que resolveu não enviar mais agentes para o estádio. Mas ainda não houve nenhuma decisão judicial sobre o caso, a Prefeitura nem sequer foi notificada ainda", explicou o secretário, que ainda falou sobre o contrato assinado entre a Prefeitura e o Atlético-PR.

Gazeta Press

Torcedor ferido recebe atendimento médico durante partida

"O Atlético-PR era responsável por contratar a segurança, isso está no contrato que foi assinado. O clube sabia que os policiais não poderia entrar dentro do estádio e contratou 90 seguranças particulares, número que foi discutido e aceito pela PM".

Além dos 90 seguranças de uma empresa privada, a Polícia Militar colocou 180 homens trabalhando apenas do lado de fora do estádio. Depois do início da briga entre atleticanos e vascaínos, que paralisou o jogo ainda no primeiro tempo, os policiais entraram para tentar separar a confusão nas arquibancadas e tiveram muito trabalho, usando bombas de gás lacrimogêneo. Antes disso, apenas uma corda, uma pequena grade e três pessoas faziam a separação entre as duas torcidas adversárias, o que facilitou o confronto no local. No total, o público pagante neste domingo foi de 8.978 pagantes.

A PM de Santa Catarina, no entanto, rebateu o Ministério Público e se isentou de culpa pela segurança nas arquibancadas durante a partida.

Gazeta Press

Helicóptero pousou no gramado para retirar torcedor ferido

"Houve consenso da PM de Joinville que não seria feito o policiamento dentro do estádio e essa decisão foi ratificada pelo Ministério Público de Santa Catarina. Mas avisamos que, se fosse necessário, haveria uma pronta intervenção dentro do estádio. A segurança deveria ser feita por seguranças privados por ser um evento privado. O Atlético-PR solicitou esse policiamento, mas confirmamos que não seria feito", disse o comandante da PM, Adilson Moreira.

Em entrevista à rádio do Atlético-PR, o presidente do clube, Mario Celso Petraglia criticou a ausência de policiais dentro da Arena Joinville e também não assumiu a responsabilidade pelo comportamento dos torcedores vândalos.

"Como que a gente vem mandar o jogo aqui em Santa Catarina em condições de ter seguranças próprios se eles não têm o poder de polícia? Aquele grupo de marginais e quantos seguranças teriam que ter? E quem paga isso? O ingresso a cinquentão?", questionou Petraglia.


A briga entre torcedores paranaenses e cariocas levantou mais uma vez a questão sobre a responsabilidade da segurança em jogos de futebol e sobre a ação de policiais dentro do estádios. Na Inglaterra, por exemplo, depois de muitos problemas e violência com os hoolingas, medidas severas foram tomadas e punições aplicadas. Atualmente, apenas os chamados stewards (seguranças privados) atuam na parte interna dos estádio, com um chefe do policiamento observando o comportamento dos torcedores em uma sala de monitoramento com TVs.

Após o reinício do duelo em campo em Joinville neste domingo, o Atlético-PR goleou por 5 a 1 e confirmou a vaga na Libertadores, enquanto o Vasco foi rebaixado para a Série B do Brasileiro.


HOOLIGANISMO DÁ SINAIS DE REAÇÃO

PORTAL DA ESPN, 07/12/2013 09h19

Hooliganismo dá sinais de reação. Na Escócia. E os torcedores do Celtic vão para Barcelona


Mauro Cezar Pereira, blogueiro do ESPN.com.br


Em campo, o Celtic, líder absoluto do campeonato escocês, massacrou o terceiro colocado, Motherwell, na noite de sexta-feira no Fir Park: 5 a 0. Fora dele, um grupo entre os 9.117 torcedores presentes destruiu parte das cerca de 13.700 cadeiras existentes no estádio. O quebra-quebra promovido pelos Bhoys não é novidade. Em novembro, quando o time de Glasgow foi a Amsterdã enfrentar o Ajax pela Liga dos Campeões, houve tumulto na capital holandesa. E nesta quarta-feira o Celtic jogará em Barcelona.

O presidente da Federação Escocesa, Campbell Ogilvie, prometeu resolver o problema. Ele é mais um que parece preocupado com a fumaça colorida que os torcedores voltaram a levar aos estádios do Reino Unido. Tamanha miopia só favorece o ressurgimento dos hooligans. Em cotejos pela Copa da Escócia envolvendo Falkirk x Rangers e Albion Rovers x Motherwell houve registros de torcedores com tal artefato. De fato isso está proibido, mas não é o real problema, exceto quando tal objeto é atirado no campo, o que obviamente não pode ocorrer. Contra o Motherwell, a lata de fumaça caiu perto do goleiro Forster, do próprio Celtic, no Fir Park.



Cadeiras destruídas por torcedores do Celtic no estádio do Motherwell na noite de sexta



Fãs do Celtic atiram fumaça verde dentro do campo, próxima ao goleiro do próprio time

Mas há sempre outras questão por trás do que se passa na linha de frente. Um grupo de torcedores do clube tem exibido banners com slogans políticos em jogos da Champions. A Uefa abriu um processo disciplinar contra o clube de Glasgow. Na ocasião da peleja do Celtic contra o Ajax, houve 44 prisões, sendo 28 torcedores do time escocês. Ao final, cinco foram considerados culpados de usar violência contra a polícia holandesa. No tribunal em Amsterdã, Padraig Mullan, 28, de Belfast, e Damian Dobbin, 23, de Hamilton, foram condenados a dois meses de prisão por agredir policiais disfarçados. Andrew Vance, 21 anos, de Blantyre, e Tam e Kennedy, 30, de Lanarkshire, receberam penas de seis semanas por atirar latas.



Num setor do estádio do Motherwell mais cadeiras destruídas por torcedores do Celtic

Dobbin afirmou que seis ou sete policiais "vieram do nada e usaram de violência terrível". Ele disse que estava lutando por sua vida durante a confusão. No julgamento, os escoceses disseram que acreditavam estar sendo atacados por vândalos quando foram presos por policiais à paisana. Um deles declarou ao tribunal que a polícia agiu de forma pesada. Todos os cinco foram liberados graças a um recurso. John Quigley, 49, foi absolvido por falta de provas. O tribunal cobrou fianças entre € 250 e € 500. Quatro policiais ficaram feridos. Para o juiz, policiais usaram de força para lidar com o tumulto no dia 6 de novembro, mas ele não considerou a ação excessiva.



Policiais usam cão que morde torcedor em tumulto na cidade de Amsterdã: debate sobre a forma como agiram

Já a polícia holandesa comunicou que oito agentes disfarçados ficaram feridas durante violentos confrontos no centro da cidade. Curiosamente, o grupo Ultra VAK410, do Ajax, apoiou os torcedores do Celtic e acusa os policiais holandeses de terem provocado a confusão. Isso acontece no Brasil. A idéia geral de quem está de fora é de que a polícia é sempre a vítima. Será? Claro que não estamos falando de santinhos. Tampouco os policiais são homens perfeitos. Em documento, o Ultra VAK410 afirmou: "A luta contra a violência policial nunca vai parar".

Por outro lado, alguns torcedores do Ajax fizeram o clima esquentar, o que gerou algum tumulto no lado externo da Amsterdam Arena depois da partida. Eles expuseram rapidamente uma faixa onde se lia "Fenianos Bastardos". Feniano foi chamado o movimento pró-separação da Irlanda. O Fenianismo era arganização política secreta, irlandesa, criada com o objetivo de tirar a Irlanda da dominação inglesa.Os seguidores do Celtic, obviamente, não se aborreceram ao serem assim chamados, mas sim pelo uso da palavra bastardos. O Ajax foi multado pela Uefa no equivalente a R$ 80 mil.



Faixa na torcida do Ajax chama os torcedores do Celtic de Fenianos Bastardos, o que gerou mais tensão

Sobre o confronto com policiais, o Celtic Football Club disse que "não há desculpa para qualquer forma de conduta violenta", mas ressaltou que muitos fãs foram "submetidos a um alto grau de provocação". O clube lançou sua própria investigação sobre o transtorno. Alguns fãs do Celtic dizem ter imagens e fazem relatos pessoais, que apóiam a visão de que a polícia à paisana atacou e recorreu a táticas pesadas.

Neste vídeo, cedo os fãs cantam "Flowers of Scotland", bebem e se confraternizam.
Mais tarde, confusão com a polícia holandesa. Quem começou tudo?


O fato é que a falta de habilidade para lidar com esse novo cenário propicia a volta do hooliganismo. No vídeo acima é possível notar que a imensa maioria dos torcedores escoceses estava na Praça Dam, ponto turístico de Amsterdã, apenas celebrando. Não é preciso muitos arruaceiros para arrumar grande confusão.

Enquanto as autoridades vetam as latinhas de fumaça, elas seguem entrando nos estádio e eventualmente sendo atiradas no campo, ameaçando a integridade de quem está lá trabalhando. Que tal regulamentar o uso de bandeiras com mastro e fumaça colorida em setores das arquibancadas? Daria vida ao espetáculo e facilitaria o controle da situação.



Torcedores do Ajax exibem bandeira do rival do Celtic, o Rangers: provocando os escoceses

Até agora, na Inglaterrra durante a atual temporada, que não chegou à metade, a pirotecnia foi utilizada em 131 jogos. Em toda a temporada passada houve 199 registros. São 44 prisões até aqui. No período 2012/2013 inteiro as autoridades registraram 70 detenções. Everton, Manchester United e Wigan Athletic foram envolvidos cada um cinco incidentes do gênero.

A polícia relatou um aumento no uso de dispositivos pirotécnicos de quase 140% em relação ao ano anterior, enquanto as detenções pelo uso aumentaram 150%. Cães foram treinados para farejar tais objetos. Eles também estão se tornando cada vez mais comuns nos estádios. O árbitros assistente David Bryan foi atingido por desses itens durante uma partida entre Aston Villa e Tottenham, no Villa Park, em outubro.

Clubes envolvidos em três ou mais incidentes em 2013/2014

5 Everton, Manchester United e Wigan Athletic
4 Liverpool, Manchester City e Sheffield United
3 Bradford City, Bristol City, Burnley, Charlton Athletic, Leeds United, Mansfield Town, Nottingham Forest e Oldham Athletic

Fonte: BBC

Após anos de calmaria e segurança absoluta nos estádios do Reino Unido, crescem dois movimentos. Um legítimo, pela volta da festa nos estádios, que se transformaram muitas vezes em ambientes gélidos, com platéias frias no lugar de vibrantes torcedores que apoiam seus times. E nisso vêm os pedidos pela liberação de torcedores de pé em setores específicos, bandeiras com mastros e eventualmente a fumacinha colorida, dentro de regras pré-estabelecidas.
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Em jogo Sub-21 contra o Liverpool, torcedores do Manchester United usam fumaça vermelha

Mas os cartolas , políticos e autoridades de segurança são inflexíveis. Seguem apenas repetindo que tudo é proibido. Sorrateiramente, os hooligans retornam. Motivados por questões políticas ou apenas em busca de uma boa briga. Não importa. O fato é que a paz nos estádios ingleses e escoceses está ameaçada. E talvez nas cidades que recebem alguns de seus times, como Amsterdã.

A incompetência de Margareth Thatcher, que minimizou o violento fenômeno nos anos 1970 e 1980, resultou em desastres. Após as 39 mortes na tragédia de Heysel, grades fortíssimas foram colocadas em torno dos campos de futebol. Assim, torcedores, inclusive os mais pacíficos, ficaram enjaulados. Essas cercas quase indestrutíveis foram causadoras de boa parte das 96 mortes registradas em 1989 no Hillsborough, estádio de Sheffield que recebia Liverpool x Nottingham Forest.


PS: o blog agradece ao internauta Rafael Peres, que alertou para a faixa na torcida do Ajax.



HOOLIGANISMO


Hooliganismo
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.



Hooliganismo (para a língua portuguesa do inglês hooligan, "vândalo", pronuncia-se AFI: [ˈhuː.lɪ.ɡən], "rúulegan") refere-se a um comportamento destrutivo e desregrado. Tal comportamento é comumente associado a fãs de desportos, principalmente adeptos de futebol e desportos universitários. O termo também pode aplicar ao comportamento desordeiro em geral e vandalismo, muitas vezes sob a influência de álcool e/ou drogas.


Etimologia

Existem várias teorias sobre a origem da palavra "hooliganismo". O Compact Oxford English Dictionary afirma que a palavra pode ter origem do sobrenome de uma família fictícia rowdy irlandesa em uma canção de music hall da década de 1890.1 2 Clarence Rooks, em seu livro de 1899, Hooligan Nights, alegou que a palavra veio de Patrick Hoolihan (ou Hooligan), uma fanfarrão e ladrão irlandês que vivia no bairro londrino de Southwark.3 Outro escritor, Earnest Weekley, escreveu em seu livro de 1912 Romance of Words, "Os hooligans originais eram uma família de espírito irlandês com esse nome, cujo comportamento animaram a monotonia da vida em Southwark por cerca de quatorze anos". Também foram feitas referências à uma família rural irlandesa do século 19 com o sobrenome Houlihan, que eram conhecidos por seu estilo de vida selvagem, que depois evoluiu o nome para O'Holohan de acordo com as tradições de familias irlandesas do O' para começar o nome. Outra teoria é que o termo vem de uma gangue de rua em Islington chamada Hooley. Ainda há outra teoria em que o termo é baseado em uma palavra irlandesa, houlie, o que significa um selvagem, espírito festivo.

Uso inicial do termo

O termo hooligan tem sido utilizado pelo menos desde meados da década de 1890 - quando foi usado para descrever o nome de uma gangue de rua em Londres - aproximadamente ao mesmo tempo que as gangues de rua de Manchester, conhecidas como as "Scuttlers" foram ganhando notoriedade. O primeiro uso do termo é desconhecido, mas a palavra apareceu pela primeira vez impresso em relatórios da polícia de Londres de 1894, referindo-se ao nome de uma gangue de jovens na área de Lambeth de Londres - The Hooligan Boys,4 e, mais tarde - os O'Hooligan Boys.4Em agosto de 1898, um assassinato em Lambeth cometido por um membro da gangue chamou mais atenção à palavra que foi imediatamente popularizada pela imprensa.4 O jornal londrino Daily Graphic escreveu em um artigo em 22 de agosto de 1898, "A avalanche de brutalidade que, sob o nome de 'hooliganismo' ... moldou como um insulto terrível os registros sociais do sul de Londres".2 3

Arthur Conan Doyle escreveu em seu romance de 1904 The Adventure of the Six Napoleons , "Parecia ser um dos atos de hooliganismo que ocorrem de tempos em tempos, e foi relatado para o policial na batida como tal ". H. G. Wells escreveu em 1909 o seu semi-autobiográfico romance Tono-Bungay , "Três homens jovens energéticos, do tipo hooligan, com cachecóis no pescoço e bonés".3

Mais tarde, como o significado da palavra mudou um pouco, nenhuma das alternativas possíveis, tinha precisamente a mesma indicação de uma pessoa, geralmente jovem, que é membro de um grupo informal e comete atos de vandalismo ou dano criminal, começa brigas, e que provoca perturbações, mas não é um ladrão.3 A palavra foi internacionalizado no século 20 na antiga União Soviética como Khuligan, que se refere a desordeiros ou dissidentes políticos.2 Mathias Rust foi acusado de hooliganismo, entre outras coisas, por sua aterrissagem com um Cessna em 1987 na Praça Vermelha.
Hooliganismo nos esportes[editar | editar código-fonte]

As palavras hooliganismo e hooligan começaram a ser associada com a violência nos esportes, em especial a partir da década de 1960 no Reino Unido com o hooliganismo no futebol.

No entanto, um dos primeiros casos conhecidos de violência de torcida em um evento esportivo, teve lugar na antiga Constantinopla. Dois times de corrida de bigas, os Azuis e os Verdes, foram envolvidos na Revolta de Nika, que durou cerca de uma semana, em 532 DC; quase metade da cidade foi queimada ou destruída, além de dezenas de milhares de mortes.5

As associações hooligans fazem parte de um mundo essencialmente e culturalmente britânico e europeu e são raras fora de Inglaterra, sendo que fora dela predominam as chamadas ultras naEuropa, os torcedores de hóquei no gelo do Canadá, as barra bravas na América Latina e as torcidas organizadas no Brasil.

Algumas associações hooligans, além da paixão pelo clube, defendem ideologias políticas

A maior demonstração de violência dos hooligans foi a tragédia do Estádio do Heysel, na Bélgica, durante a final da Taça dos Campeões Europeus de 1985, entre o Liverpool da Inglaterra e a Juventus da Itália. Esse episódio resultou em 38 mortos e um número indeterminado de feridos. Os hooligans ingleses foram responsabilizados pelo incidente, o que resultou na proibição das equipes britânicas participarem em competições europeias por um período de cinco anos.

Apesar da repressão muito forte a grupos hooligans, alguns factos ainda ocorrem, como na Copa do Mundo de 2006 na Alemanha, em que ingleses e alemães promoveram quebra-quebra.

Violência das torcidas organizadas brasileiras

Confusões premeditadas e brigas entre torcidas organizadas também são características do futebol brasileiro, apesar do termo hooliganismo não ser utilizado no Brasil.

Essas mesmas torcidas praticam numerosos atos de vandalismo tendo como principal alvo a torcida rival. Apesar dos números assustadores esses casos são muito mais frequentes quando os jogos acontecem entre equipes da mesma cidade, principalmente em partidas de equipes das capitais estaduais.

De entre as principais causas de brigas, estão, principalmente, a exacerbação das rivalidades entre as camadas menos favorecidas (formação de gangues nos bairros e aglomerados) com roupagem futebolística, e a cultura do medo entre essas mesmas camadas, que leva a uma postura intimidatória.

Um caso foi no jogo entre Coritiba vs Fluminense, jogo válido pelo Campeonato brasileiro de 2009, onde houve invasão de gramado,espancamento, entre outros.Porém,o mais recente caso ocorreu em 2012,no jogo entre Fortaleza Esporte Clube vs Oeste Futebol Clube de Itápolis,válido pelo Campeonato Brasileiro da Série C,os torcedores do Fortaleza,revoltados com a eliminação do time em casa,promoveram uma grande onda de vandalismo dentro do Estádio Presidente Vargas,de propriedade da prefeitura,que resultou em mais de 300 cadeiras destruídas,sendo destas mais de 80 arremessadas no campo,vários torcedores feridos e prejuízo de mais de 150 mil reais.

Alguns exemplos de rivalidades de torcidas organizadas no Brasil são: a barra brava Geral do Grêmio e a Guarda Popular do Inter, onde, em um jogo, a torcida do Grêmio chegou a queimar os banheiros químicos do estádio Beira-Rio da equipe rival; a torcida Força Jovem Vasco com as torcidas Torcida Jovem do Flamengo e Raça rubro negra; torcedores da Gaviões da fiel do Corinthians e a Mancha Verde(torcida) do Palmeiras; a Máfia Azul do Cruzeiro e a Galoucura do Atlético-MG em Minas Gerais; e a Torcida Uniformizada do Fortaleza e Torcida Organizada Cearamor no estado do Ceará. Os clássicos sempre chamam uma atenção a mais e há vários casos de mortos em regiões mais distantes. Ultimamente, o futsal tem sido o maior alvo desses encontros, já que a polícia não dá as devidas atenções para o encontro dessas torcidas nesse esporte.

Filmes sobre hooliganismo

The Firm (1988)
Arrivederci Millwall (filme de 1990)
I.D. (1995)
The Football Factory (2004)
Green Street (2005)
Rise of the Footsoldier (2007)
Cass (2008)
Green Street Hooligans 2 (2009)
Awaydays (2009)
The Firm (2009)
A.C.A.B. All cops are bastards (filme de 2011)
Teror na Willy Janz (2011)
Green Street Hooligans 3 (2013)

Livros sobre hooliganismo

Armstrong, Gary. Football Hooligans: Knowing the Score (Explorations in Anthropology). [S.l.]: Berg Publishers, 1 de Jameiro de 1998. ISBN 1-85973-957-1
Brimson, Dougie. Eurotrashed: The rise and rise of Europe's football hooligans. [S.l.]: Headline, 3 de Março de 2003. ISBN 0-7553-1110-8
Brimson, Dougie. Kicking Off: Why hooliganism and racism are killing football. [S.l.]: Headline Book Publishing, 29 de Maio de 2006. ISBN 0-7553-1432-8
Brimson, Dougie. Rebellion: The growth of football's Protest Movement. [S.l.]: John Blake Publishing Ltd, 29 de Setembro de 2006. ISBN 1-84454-288-2
Brimson, Dougie. March of the Hooligans: Soccer's Bloody Fraternity. [S.l.]: Virgin Books, 16 de Outubro de 2007. ISBN 0-7535-1293-9
Buford, Bill. Among the Thugs: The Experience, and the Seduction, of Crowd Violence. New York, United States: W W Norton & Co Inc, Maio 1992. ISBN 978-0-393-03381-6
Dunning, Eric; Murphy, Patrick; Waddington, Ivan; Astrinakis, Antonios. Fighting Fans: Football Hooliganism as a World Phenomenon. [S.l.]: University College Dublin Press, 14 Maio de 2002. ISBN 1-900621-74-6
Humphries, Stephen. Hooligans or Rebels?: Oral History of Working Class Childhood and Youth, 1889-1939. [S.l.]: WileyBlackwell, 7 de Outubro de 1995. ISBN 0-631-19984-5
James, Michael. Family Game: The untold story of hooliganism in Rugby League. [S.l.]: Parrs Wood Press, 1 de Maio de 2005. ISBN 1-903158-62-1
Neuberge, J. Hooliganism: Crime, Culture, and Power in St. Petersburg, 1900-1914 (Studies on the History of Society & Culture). [S.l.]: University of California Press, 9 de Setembro de 1993.ISBN 0-520-08011-4
Perryman, Mark. Hooligan Wars: Causes and Effects of Football Violence. [S.l.]: Mainstream Publishing, 3 de Outubro de 2002. ISBN 1-84018-670-4
Pearson, Geoffrey. Hooligan: A History of Respectable Fears. [S.l.]: Palgrave Macmillan, 9 de Junho de 1983. ISBN 0-333-23400-6
BUFFOR, Bill. Entre os vândalos: a multidão e a sedução da violência. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.

Ligações externas

VIOLÊNCIA MANCHA ULTIMA RODADA DO BRASILEIRO



Violência entre torcidas mancha última rodada do Campeonato Brasileiro, Briga entre facções de Atlético Paranaense e Vasco deixa quatro feridos com gravidade e por pouco não provoca mortes dentro do estádio


O Estado de S. Paulo, 08 de dezembro de 2013 | 17h 37


JOINVILLE - Atualizado às 6h15 - Cenas de vandalismo e de violência brutal mancharam a imagem do país do futebol, que vai ser sede em 2014 da Copa do Mundo. Torcedores do Atlético-PR e do Vasco se enfrentaram neste domingo na arquibancada da Arena Joinville e quatro deles ficaram feridos com gravidade. Três torcedores do Vasco foram detidos.

Por pouco, não houve uma tragédia. As imagens mostradas pela TV e espalhadas em minutos por todo o mundo levaram ao desespero os atletas dos dois times. Rapazes eram pisoteados e linchados por rivais; outros, já desacordados, recebiam chutes no rosto e por todo o corpo. Houve também quem aplicasse com barras de ferro golpes em pessoas já caídas e sem condições de se defender.

Não havia policiais militares na arquibancada. A segurança no local cabia a agentes privados contratados pelo Atlético.

O confronto teve início aos 17 minutos de jogo - vencido pelo Atlético-PR por 5 a 1, o que rebaixou o Vasco à Serie B. Grupos de torcedores se aproximaram de uma área "neutra" do estádio, onde não havia público, para começar a briga.

No mesmo instante, os atletas deixaram a bola de lado e correram para próximo do local em que centenas de torcedores começavam a trocar socos e pontapés. O apelo maior partiu de jogadores do Atlético.

Na sequência, "torcedores" do Atlético encurralaram os do Vasco. Havia focos isolados de agressões, quando um torcedor do outro clube era capturado. Iniciava-se assim uma sessão de linchamento transmitida ao vivo pela TV.

A partida ficou interrompida por 61 minutos. O auge da confusão durou quase dez minutos, até a intervenção de policiais militares munidos de armas que disparavam balas de borracha.

Em meio ao conflito, podiam-se ver pais abraçando filhos pequenos, crianças, em busca de abrigo. Um helicóptero posou no gramado para socorrer um torcedor inconsciente.

Os quatro atendidos no Hospital São José, em Joinville, foram William Batista, de 19 anos, com traumatismo craniano, Estevão Vianna, 24 anos, e Gabriel Ferreira Vitael, 29 anos, ambos com várias lesões e pancadas na cabeça. Diogo Cordeiro da Costa sofreu cortes e hematomas, mas foi liberado às 20h35. O primeiro caso é o mais grave. De acordo com o diretor de Unidade Técnica do hospital, Franco Haritch, nenhum dos torcedores corre risco de morte.

Três torcedores vascaínos foram detidos: Jonathan Santos, 29 anos, Arthur Barcelos de Lima Ferreira, 26, e Leone Mendes da Silva, 23 anos. Ele estava escondido no banheiro de um ônibus da torcida, que já deixava a cidade. Leone era quem segurava um artefato com um parafuso na extremidade e atacava um torcedor desacordado.

O clima de animosidade entre as duas torcidas teve início fora da Arena de Joinville, onde houve os primeiros confrontos.

O jogo em Joinville se deu por causa da perda de mando de campo do Atlético-PR, em razão de distúrbios provocados por sua torcida no jogo com o Coritiba em 6 de outubro.

Durante a paralisação, o Vasco insistiu com o árbitro Ricardo Ribeiro que a partida não fosse reiniciada. O Atlético, que já vencia por 1 a 0, pressionou no sentido contrário. Com a ocupação da arquibancada por mais PMs, pôde-se ver um pouco de futebol. O resultado classificou o Atlético à Libertadores.



09 de dezembro de 2013 | 9h 17
Agência Estado


CBF e Aldo Rebelo repudiam briga de torcidas em Joinville. Ministro diz que pretende intermediar uma discussão entre o MP e a polícia para definir como deve ser feita a segurança nos estádios brasileiros

SÃO PAULO - A CBF e o Ministério do Esporte lamentaram e condenaram os atos de violência que quase impediram a realização da partida entre Atlético Paranaense e Vasco, domingo, na Arena Joinville, em Santa Catarina, pela última rodada do Brasileirão. Com cenas chocantes, a briga de torcidas levou quatro feridos ao hospital.

"O futebol é a maior paixão do brasileiro e como tal tem de ser encarado, com o espírito de esportividade e alegria. Não podemos mais permitir que episódios de violência e de selvageria voltem a ser vistos por todos nós e pelos verdadeiros torcedores que amamos esse esporte. A CBF vai agir, mais uma vez, para combater essa violência injustificável", prometeu o presidente José Maria Marin.

Antes de tomar uma decisão, contudo, o dirigente avisou que vai aguardar a investigação do caso pelos órgãos envolvidos na partida. "É o que cabe à CBF neste momento. Temos de aguardar a posição de todos os setores envolvidos na questão", declarou Marin, que prometeu também discutir "propostas e projetos que consigam abolir definitivamente esses episódios de selvageria dos nossos estádios", segundo informou a nota da CBF.

Também em nota o ministro Aldo Rebelo repudiou a violência e cobrou punição aos envolvidos. "O Ministério do Esporte condena a violência que tomou conta das arquibancadas da Arena Joinville, em Santa Catarina, durante o primeiro tempo do jogo entre Atlético-PR e Vasco da Gama", disse o ministro.

"Os responsáveis devem ser identificados e punidos, cumprindo-se o Estatuto do Torcedor, que prevê penas de reclusão e de banimento dos estádios aos torcedores que cometerem atos de violência", cobrou Aldo Rebelo.

O ministro disse ainda que pretende intermediar uma discussão entre o Ministério Público e a polícia para definir como deve ser feita a segurança nos estádios brasileiros. "O Ministério do Esporte também vai procurar o Conselho Nacional do Ministério Público para um entendimento comum sobre a presença da Polícia Militar no interior dos estádios de futebol."

A partida entre Atlético e Vasco teve início sem policiais nas arquibancadas, somente nos arredores da Arena Joinville. Câmeras constataram a presença de apenas seis seguranças nos limites da torcida atleticana antes dos confrontos. Não havia barreiras físicas entre os dois grupos de torcedores.

Depois da briga generalizada, a Polícia Militar disse que a ausência de policiamento dentro do estádio foi resultado de um "entendimento" com o Ministério Público. O MP, porém, alegou não ter feito nenhuma determinação para que a polícia atuasse somente na parte exterior do estádio.


RADIO ESTADÃO

Porta-voz da PM admite que segurança privada não estava preparada para jogo entre Atlético e Vasco

A porta-voz do Comando Geral da Polícia Militar de Santa Catarina, coronel Claudete Lehmkuhl, conversou com os apresentadores Haisem Abaki e Mia Bruscato e com o colunista Luiz Antônio Prósperi.









TORCEDORES DO VASCO SÃO LEVADOS PARA PRISÃO


Torcedores do Vasco são levados para presídio em Joinville. Três foram detidos na noite de domingo após a pancadaria no estádio. Torcedor em situação mais grave teve fratura no crânio. Outros dois também seguem hospitalizados

O GLOBO
Atualizado:9/12/13 - 10h02



Torcedores do Atletico-PR vão para cima da torcida rival, no jogo contra o VascoPedro_Kirilos / Agência O Globo


JOINVILLE - Os três torcedores do Vasco que foram detidos após a pancadaria durante o jogo contra o Atlético-PR, na Arena Joinville, neste domingo, foram encaminhados durante a madrugada para o Presídio Regional de Jonville. Arthur Barcelos de Lima Ferreira, de 26 anos, e Jonathan Santos, de 29, foram detidos na saída do estádio. Leone Mendes da Silva, de 23 anos, foi levado por policias para a delegacia quando estava dentro do banheiro de um dos ônibus da torcida, já deixando a cidade. Leone aparece numa foto agredindo um torcedor do Atlético-PR com um bastão.

De acordo com a Polícia Civil, seguem as investigações para identificar outros envolvidos na confusão. A pancadaria provocou a interrupção do jogo por uma hora e doze minutos. O torcedor em estado mais grave, William Batista, de 19 anos, sofreu fratura no crânio e deve ficar em observação por tempo indeterminado. Outros dois - Estevão Vianna, 24 anos, e Gabriel Ferreira, 24 - também sofreram pancadas na cabeça e seguem em observação. Só Diogo Cordeiro da Costa, 29 anos, foi liberado: ele teve alta ainda na noite de domingo, segundo informou a Secretaria Municipal de Saúde de Joinville. William e Estevão são paranaenses, e Gabriel e Diogo, cariocas.

Dentro do estádio não havia policiais. A segurança interna era feita por agentes de uma empresa contratada para o serviço pelo Atlético-PR. O tenente-coronel da PM Adílson Moreira, responsável pela segurança no entorno da Arena Joinville, explicou por que não havia policiais dentro do estádio:

- É um evento privado, e a segurança era de responsabilidade de uma empresa privada contratada pelo Atlético-PR - disse.

No fim da noite a PM de Santa Catarina divulgou nota explicando que a ausência dos policiais dentro do estádio atendeu a uma Ação Civil Pública movida pelo Ministério Público. Na ação o MP propôs que o Poder Judiciário proibisse a participação de policiais militares em atividades que não fossem da competência constitucional da corporação. Diz a nota: "Outra atividade tida expressamente como ilegal vem a ser justamente a destinação de policiais militares para compor a chamada barreira que divide os torcedores. O Ministério Público entende que essa atividade é da competência dos organizadores do evento, portanto de cunho privado". A PM informou ainda que 113 policiais trabalharam na parte externa.

Segundo o blog "Bastidores F.C.", do site Globoesporte.com, o contrato entre o Atlético-PR e a prefeitura de Joinville deixa claro que a responsabilidade pela segurança é do clube. Uma das claúsulas determina que cabe ao Furacão "providenciar o aparato policial Militar com o recolhimento dos custos correspondentes" e também "providenciar segurança privada com contingente suficiente para garantir a segurança do público".

Procuradoria vai denunciar os dois clubes

O procurador-geral do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), Paulo Schmitt, comentou as cenas impressionantes de violência, que tiveram socos, chutes em pessoas caídas e espancamento. Ele informou que vai denunciar Atlético-PR e Vasco no artigo 213 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD). O artigo prevê multa ao clube que "deixar de tomar providências capazes de prevenir e reprimir desordens em sua praça de desporto". A lei determina ainda que o clube seja punido também com "perda do mando de campo de uma a dez partidas" quando o caso for de "elevada gravidade".

O Atlético-PR mandou o jogo contra o Vasco em Joinville porque já cumpria punição por tumulto de torcida em outra oportunidade, em jogo contra o Coritiba, em outubro. O time carioca também perdeu mandos de campo no Brasileirão deste ano, em função da briga de seus torcedores com os do Corinthians em Brasília, em agosto.

- É lamentável, mas já falei que alguém morreria se não houvesse medidas mais enérgicas, como jogos com portões fechados, desde aquele Vasco e Corinthians. Não sou vidente. Não precisa ser para saber que vai acontecer. Os dois clubes evidentemente serão denunciados no artigo 213. Foi um confronto, envolveu as duas torcidas. As questões de ordem técnica e as responsabilidades de cada um teremos de aguardar mais um pouco para analisar -disse o procurador Schmitt, em entrevista ao site Globoesporte.com.

Vasco queria que jogo fosse suspenso

Enquanto o jogo em Joinville esteve interrompido, o presidente do Vasco, Roberto Dinamite, argumentou que a partida não poderia continuar, em função de torcedores do Vasco terem ficado gravemente feridos.

- Não estão respeitando a coisa mais importante, que são as vidas. Não tem policiamento, e isso preocupa todo mundo. Não estamos pensando em primeira ou segunda divisão, ou qualquer outra coisa que esteja em jogo aqui - disse Dinamite. - Eu acho que a partida tem que ser suspensa, mas eu não posso tirar meu time de campo, senão o clube é punido - completou.

Vários jogadores dos dois times mostraram estar abalados com o que viram acontecer entre torcedores. O zagueiro Luiz Alberto era um dos mais chocados, e chegou a chorar.

- São tristes esses confrontos, não tenho palavras. Deu para ver uma pessoa no chão, não sei o que aconteceu. Mais um desastre no nosso futebol brasileiro. Ano de Copa do Mundo, ano em que o Brasil vai ser visto para o mundo todo. É difícil. É difícil pensar em tirar o time do rebaixamento e espero que não tenha acontecido o pior. Por isso que a gente vem tentando criar esse Bom Senso. A gente quer organizar um pouco mais - disse Wendell, volante do Vasco.

IMAGENS DA BARBÁRIE

http://oglobo.globo.com/esportes/imagens-da-barbarie-no-jogo-entre-atletico-pr-vasco-11008106