segunda-feira, 29 de junho de 2015

ORGANIZADAS, TRÁFICO E CRIME TÊM RELAÇÕES ESTREITA EM SP

POLÍCIA-BR, 29 de junho de 2015 09:11


Para delegado, organizadas, tráfico e crime têm relação estreita em SP



Mário Sérgio de Oliveira Pinto monitora o movimento das torcidas organizadas de SP

À frente da Delegacia de Polícia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva (Drade), o delegado Mário Sérgio de Oliveira Pinto monitora o movimento das torcidas organizadas de São Paulo. As investigações partem dos crimes de intolerância, área de atuação da delegacia. Mas não raras vezes avança para lavagem de dinheiro, tráfico de entorpecentes e tráfico de armas, entre outros delitos.

Na sua visão, hoje, o maior desafio da polícia está do lado de fora dos estádios. No combate às emboscadas. “Muitas vezes, na maioria, a identidade da vítima é o acaso”, diz ele, para em seguida explicar como funciona a cabeça dos torcedores envolvidos em crimes que via de regra terminam em morte.

“Eles montam emboscada. Investigam onde o rival mora, por onde o rival passa. Eles desconhecem a identidade dessa pessoa. Desprovida desse uniforme, poderia ser um parente. São pessoas que vem da mesma realidade social, compartilham o mesmo interesse. Poderiam ser amigos, irmãos, conhecidos.

Não teria razão de A agredir B se não fosse essa roupa. Acende-se um instinto de inimigo. E o inimigo tem de ser aniquilado”.

Não são crimes comuns, do dia a dia. Segundo ele, são praticados por uma fatia da sociedade muito própria. Ele estima entre são entre 12 e 15 mil torcedores organizados no Estado.

“Por trás desses pequenos delitos que as torcidas praticam, de tumulto, de atirar um objeto no campo, de atirar uma pedra no rival, estão crimes muito mais graves. A gente sempre investiga a participação dessas torcidas no crime organizado. Não que elas façam parte do crime organizado, mas é um terreno fértil”.

E na visão do delegado, os dirigentes têm papel fundamental na força desses grupos. “Até muito pouco tempo recebiam dos seus clubes respectivos repasse de ingressos. Alguns clubes cessaram essa prática. Outros mantêm uma relação que nós classificamos como promíscua. Que é ceder, graciosamente à torcida organizada, uma parte dos ingressos aos quais ela têm direito. Especialmente nos eventos em que ela não detém o mando de jogo”.

O que a princípio pode parecer algo inofensivo, capitaliza financeiramente as organizadas, na opinião de Oliveira Pinto. “O que a torcida organizada faz? Ela repassa esses ingressos por um preço. Se ela não pode revender esse ingresso pelo valor superior ao de face, porque senão estaria funcionando como cambista, ela agrega valor a esse ingresso oferecendo um serviço, por exemplo, de transporte. A torcida ganha dinheiro também aí.”

E é por aí que o crime organizado tem a porta aberta, em sua opinião. “Isso acaba gerando um caixa para uma entidade que hoje não tem tanto controle. Eu não posso dizer que a torcida organizada está vinculada ao crime organizado, mas o espaço está aberto… Sem um controle efetivo das finanças, não se sabe de onde vem o dinheiro. Algumas são ligadas a escolas de samba. Recebem repasse da municipalidade, têm ensaios, festas, se capitalizam muito. Fora os indícios de que fomentam venda de entorpecentes nessas festas. Ou por integrantes de torcidas, ou por terceiros que atuam lá dentro”.

Ele pergunta: “Quantas pessoas entram em uma festa de chopp de sábado em uma grande torcida da capital? Se eu não tenho registro de caixa, vai ser tido como verdade, abre caminho para a prática de sonegação fiscal, pode ser uma lavagem de dinheiro. Esse dinheiro pode vir do crime organizado? Sim. E insiste: é um terreno muito fértil…”

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