segunda-feira, 20 de outubro de 2014

PALMEIRENSE MORRE EM BRIGA DE TORCIDAS



ZERO HORA 20 de outubro de 2014 | N° 17958



Um torcedor morreu e quatro ficaram feridos na tarde de ontem após uma briga entre torcidas organizadas de Santos e Palmeiras na Via Anchieta, em São Bernardo do Campo. O confronto entre as facções da Macha Alviverde e Torcida Jovem causou a interdição da rodovia por quase duas horas.

A briga, que durou aproximadamente uma hora e meia, resultou na morte de Leonardo da Mata Santos, 21 anos, por atropelamento. Outros quatro torcedores foram atropelados e um foi atingido por disparo de arma de fogo. Cinco pessoas foram detidas.

A Polícia Militar investiga uma emboscada armada por torcedores da Mancha. Munidos de pedras, paus e rojões, eles teriam atacados dois ônibus lotados de santistas que se locomoviam pela rodovia até a capital paulista.

– Dois ônibus do Santos vinham sem escolta e foram surpreendidos por marginais. Tinham carros pequenos e na curva atropelaram alguns indivíduos. Um palmeirense subiu em um carro de um santista, que baleou o palmeirense –, informou o Tenente Bijarta, do 1º Batalhão da Polícia Rodoviária.

O Helicóptero Águia, da Polícia Militar, foi acionado para intervir após os primeiros relatos do confronto, e pousou na pista para resgatar os feridos. Dois torcedores foram encaminhados ao Pronto Socorro de São Bernardo.

No final da tarde, Bijarta esteve no hospital de São Bernardo para algemar um torcedor em está em estado grave. Quando receber alta, ele será encaminhado ao 2º DP do município, onde estão os outros quatro detidos. Um deles havia sido atropelado e hospitalizado, com ferimentos leves.

domingo, 19 de outubro de 2014

BRIGA ENTRE TORCIDAS DE SANTOS E PALMEIRAS DEIXA FERIDOS E UM MORTO


R7 19/10/2014 às 15h48

Briga entre torcidas de Santos e Palmeiras deixa feridos e um morto. Facções se encontraram na via Anchieta e causaram terror nos dois sentidos da rodovia



Polícia Militar relatou a morte de um palmeirense Reprodução/Facebook

Torcedores de Palmeiras e Santos entraram em confronto no início da tarde deste domingo (19), na rodovia Anchieta, e o saldo foi trágico: dois feridos e um torcedor do Palmeiras morto, segundo a Polícia Militar.

Um grupo de alvinegros estava a caminho da capital paulista para o clássico entre os dois times, às 16h, no Pacembu, quando houve a briga. O caso foi levado ao 2º Distrito Policial de São Bernardo do Campo (SP).

De acordo com a Ecovias, administradora do sistema Anchieta-Imigrantes, as duas pessoas que ficaram feridas foram atendidas pelo helicóptero Água, da Polícia, que não informou detalhes do ocorrido.


A pista central da rodovia está bloqueada no km 18. Por conta disto, há lentidão do km 22 ao km 17 por conta disto.

O clássico válido pela 29ª rodada do Brasileiro tem previsão de grande público: cerca de 30 mil ingressos foram vendidos de forma antecipada. Quatro setores já estão esgotados (arquibancadas verde e amarela, cadeira laranja e tobogã).

TORCEDOR MORRE DURANTE CONFRONTO ENTRE PALMEIRENSES E SANTISTAS



ZH 19/10/2014 | 16h00


Torcedor morre após confronto entre palmeirenses e santistas. Grupo de alvinegros estava a caminho da capital paulista quando houve a briga na rodovia Anchieta




Torcedores de Palmeiras e Santos entraram em confronto no início da tarde deste domingo, na rodovia Anchieta, em São Paulo. Um grupo de alvinegros estava a caminho da capital paulista para o clássico entre os dois times, às 16h, no Pacaembu, quando houve a briga, que terminou com a morte de um torcedor. O caso foi levado ao 2º Distrito Policial de São Bernardo do Campo (SP), e os investigadores consideram que foi um embate de organizadas.

Cinco pessoas ficaram feridas no confronto. As vítimas foram atendidas pelo helicóptero Águia, da Polícia Militar, que não informou outros detalhes do ocorrido. O LANCE!Net apurou que dois torcedores foram encaminhados para o Pronto Socorro Central de São Bernardo. A identidade e o estado de saúde não foram revelados.

Por volta das 15h, a pista central da rodovia estava bloqueada no km 18, causando lentidão do km 22 ao km 17.

O clássico válido pela 29ª rodada do Brasileiro tem previsão de grande público: cerca de 30 mil ingressos foram vendidos de forma antecipada. Quatro setores já estão esgotados (arquibancadas verde e amarela, cadeira laranja e tobogã).

*Lancepress

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

PROVOCAÇÃO HOMOFÓBICA

FOLHA.COM, 21/09/2014 14h39

Torcida do São Paulo faz provocação homofóbica a corintianos em Itaquera. Clássico Corinthians x São Paulo


Joel Silva/Folhapress


MARCELO QUAZ
DE SÃO PAULO 




A torcida do São Paulo organizou uma provocação homofóbica para os torcedores corintianos horas antes do clássico entre os dois clubes, neste domingo (21), em São Paulo.

No caminho para o estádio do Itaquerão, onde será disputado o clássico, integrantes da torcida são-paulina vestiram perucas coloridas e camisetas que formavam os dizeres 'Gaivotas da Fiel', em alusão à Gaviões da Fiel - maior torcida organizada corintiana.

O tom homofóbico pauta o clássico entre São Paulo e Corinthians. Na semana passada, o Corinthians lançou um apelo aos seus torcedores. Em seu site oficial, o clube paulista publicou uma nota pedindo o "fim do grito de 'bicha' no tiro de meta do goleiro adversário".

Em todas as partidas com mando do Corinthians, a torcida grita "bicha" no momento em que o goleiro chuta o tiro de meta.

O receio da diretoria do clube é que o STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) puna o Corinthians em caso de denúncia por causa de ações homofóbicas dos seus torcedores. A pena prevista para os clubes condenados é a perda de três pontos. Em caso de reincidência, a pena dobra.

Já a Independente, maior torcida organizada do São Paulo, promete entoar diante do Corinthians uma música de teor homofóbico que virou hit entre os são-paulinos.

A decisão ignora o apelo que o clube rival fez aos seus torcedores para evitarem provocações de cunho discriminatório no clássico de domingo (21), no Itaquerão, pelo Campeonato Brasileiro.

Os são-paulinos, que já viram Rogério Ceni ser vítima muitas vezes de provocações corintianas, criaram no fim de agosto uma música que diz que "o gavião virou um beija-flor", em alusão à principal organizada rival, a Gaviões da Fiel.

Joel Silva/Folhapress


Torcedores são-paulinos provocam a torcida organizada corinthiana



BOMBAS EM CLASSICO MINEIRO

CORREIO DO POVO 21/09/2014 22:09


Torcedores são presos após soltarem bombas em Cruzeiro x Atlético-MG. Gestora do Mineirão salientou que vai apurar como artefatos passaram por revistas




Rojões causaram incêndio nas arquibancadas do Mineirão
Crédito: Ramon Bitencourt/Lancepress


Dois torcedores do Atlético-MG foram detidos pela Polícia Militar de Minas Gerais após lançarem bombas no Mineirão durante o clássico com o Cruzeiro, que terminou com vitória do Galo. O incidente, que causou incêndio nas arquibancadas, foi informado, na tarde deste domingo, pela Minas Arena, empresa responsável pela gestão do estádio.

A gestora do local afirmou que quem entrou com sinalizadores e bombas foi conduzido pelos agentes da PMMG à delegacia, que se encontra nas dependências do Gigante da Pampulha.

A Minas Arena também informou não saber como os atleticanos pertencentes à principal torcida organizada entraram no estádio com os artefatos. Eles teriam sido revistados duas vezes pelos agentes, uma na concentração realizada no Mineirinho e outra na entrada no estádio.

Fonte: Lancepress

sábado, 6 de setembro de 2014

PUNIÇÃO EXEMPLAR

REVISTA ISTO É N° Edição: 2337 | 06.Set.14 


Em medida inédita no País, o Grêmio é excluído de uma competição nacional por causa do comportamento racista de torcedores. A decisão marca uma nova fase na luta contra as manifestações de preconceito nos estádios


Rodrigo Cardoso 



O compositor Lupicínio Rodrigues (1914-1974) exaltava um traço democrático do Grêmio Foot Ball Porto Alegrense para justificar como ele, um negro, havia aceitado compor um hino para o clube que sustentava a desonrosa posição de ter sido o último no País a permitir a presença de jogadores dessa raça em seu plantel – fato ocorrido em 1952. Gremista inveterado, Lupicínio argumentava que seu time de coração havia acenado favoravelmente para que equipes da chamada Liga da Canela Preta, criada no Sul para que os negros excluídos desse esporte pudessem praticá-lo, fossem incorporados ao Campeonato Gaúcho. A história gremista é permeada por exemplos de igualdade e inclusão, como também de episódios racistas patrocinados por grupos minoritários – o que não é “privilégio” da agremiação gaúcha. Na quarta-feira 3, o Grêmio pagou caro por sustentar entre o quadro de torcedores pessoas que reforçam a discriminação racial. Em uma decisão unânime do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), o clube tornou-se o primeiro a ser excluído de uma competição nacional, a Copa do Brasil, por atos de injúria racial. O fato que precipitou a condenação ocorreu em agosto, na Arena Grêmio, em Porto Alegre, quando, da arquibancada, gremistas gritaram palavras como “macaco” e “preto fedido” para o goleiro Aranha, do Santos, em jogo válido por essa competição. “A sociedade não suporta mais esse tipo de barbárie. Punir categoricamente a instituição em âmbito cível é um recado em alto e bom som”, diz o sociólogo Maurício Murad, do mestrado da Universidade Salgado de Oliveira (Universo).


COVARDIA
Sob gritos de -macaco-, proferidos por gremistas como a dentista
Patrícia Silva, o goleiro Aranha, do Santos, protesta



Apesar de, depois do episódio, o clube impedir a Geral do Grêmio, torcida organizada que entoa coros de cunho racista, de frequentar a Arena por tempo indeterminado e de ter ajudado a identificar cinco pessoas que ofenderam Aranha, o STJD não aliviou na pena, o que gerou uma discussão na esfera esportiva. Para o jornalista e comentarista esportivo Juca Kfouri, “se os clubes tomarem as atitudes necessárias para identificar os responsáveis e entregá-los às autoridades, não devem ser responsabilizados”. O tricolor gaúcho, porém, é reincidente. Já havia sido condenado a pagar R$ 80 mil de multa depois que, em partida válida pelo Campeonato Gaucho na Arena, em março, o zagueiro do rival Internacional foi chamado de macaco por um torcedor gremista (leia quadro). “Mais do que isso, o Grêmio só se mexeu por medo da punição e não porque se tratava de uma causa contra a qual luta interna e ferrenhamente”, afirma o historiador Marcel Tonini, cuja dissertação de mestrado dissecou a história dos negros no futebol brasileiro.


JUSTIÇA
Na quinta-feira 4, a dentista admitiu os insultos ao prestar depoimento à polícia

De fato, para que o episódio tenha caráter educativo – e até preventivo – é preciso fazer valer a máxima da justiça criminal segundo a qual a punição que melhor produz resultado é a que alcança o indivíduo transgressor. Na quinta-feira 4, a dentista Patrícia Moreira da Silva, 23 anos, que foi flagrada por câmeras de TV gritando “macaco” para o goleiro santista, admitiu em depoimento tê-lo insultado, mas disse ter se deixado levar pelo coro da torcida que costumeiramente profere cantos racistas contra adversários. Tal argumentação só reforça o quão é fundamental a punição individual dos que cometem atos de violência – como é o caso da injúria racial e do racismo – em estádios de futebol.

Nesses locais, transgressores supõem-se preservados pelo anonimato da multidão e se encorajam para manifestar a sua falta de civilidade. “Se essa moça e outros criminosos não forem punidos, mais uma vez ficarão escondidos, livres, diluídos na punição coletiva”, afirma Murad. Permitir que o ponta-direita Tesourinha fizesse parte do elenco do time, rompendo a barreira que impedia a participação de atletas negros, foi um gol do Grêmio, anotado nos anos 50. Sessenta anos depois, quica na frente dessa centenária instituição gaúcha nova oportunidade para trabalhar – prevenindo, fiscalizando e punindo a minoria racista infiltrada na sua torcida – a favor da integração social, reafirmando que a cor da pele não é sua adversária dentro das quatro linhas.



Fotos: Bruno Alencastro/Agência RBS; Ronaldo Bernardi/Estadão Conteúdo

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

TORCIDA MONITORADA



ZH 05 de setembro de 2014 | N° 17913


ADRIANO DE CARVALHO



MP DE OLHO NA GERAL

Promotoria do torcedor promete fiscalizar comportamento de organizada do Grêmio para punir responsáveis em caso de novos atos de racismo na Arena



OMinistério Público do RS, por meio da Promotoria do Torcedor, está entrando em campo para coibir os cânticos de cunho racista da torcida Geral. Já suspensa preventivamente pelo Grêmio, a organizada também será punida pelo MP caso músicas com o termo macaco sejam entoadas na arquibancada norte da Arena.

Neste caso, a promotoria aplicará sanção semelhante à imposta à Geral após o descumprimento de ordens no deslocamento ao BeiraRio para o Gre-Nal 402, em agosto. A organizada ficou impedida, por uma portaria da Federação Gaúcha de Futebol (FGF), de ingressar com faixas e instrumentos, ou qualquer identificação, por cinco partidas do clube em todos os estádios do país.

O próximo jogo do Grêmio com mando na Arena, contra o Atlético-PR, na quarta-feira, é considerado de alto risco pela direção. Principalmente porque o clube pretende entrar com recurso no caso das injúrias ao goleiro do Santos, Aranha, que excluiu o clube gaúcho da Copa do Brasil. E, neste caso, o recurso seria julgado no dia seguinte, no Pleno do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). Assim, uma nova manifestação de cunho racista poderia agravar a pena do Grêmio, com a aplicação da perda de até 10 mandos de campo, o que se estenderia aos jogos do Brasileirão.

– O cântico no domingo foi a gota d’água. Após esta punição do STJD, não se pode tolerar esse tipo de conduta da torcida – afirma o promotor José Francisco Seabra.

Impedida de entrar com qualquer identificação na Arena, a Geral, por meio de seu líder, Rodrigo Rysdyk, afirma ter suspendido o termo macaco de suas músicas. No entanto, Rysdyk se diz incapaz de controlar o que é cantado no estádio sem a banda da torcida, suspensa de assistir aos jogos. Para fechar o cerco, o MP passou a gravar o comportamento da Geral em vídeo. No jogo contra o Bahia, domingo, a Promotoria do Torcedor já começou a colher imagens durante os cânticos racistas.

Para reforçar a fiscalização, Seabra, com apoio de promotorias de todo o país, recomendará à Confederação Brasileira de Futebol (CBF) que adote procedimento uniforme nos jogos, destacando funcionário para monitorar torcidas e informar atitudes suspeitas ao árbitro, para registro em súmula.

– Nossa preocupação neste momento é coibir o racismo, que é crime. É difícil punir individualmente. A forma mais efetiva de conter estas manifestações é com o sancionamento da organizada. Se existirem os cânticos, a fonte será identificada e faremos com que a torcida seja punida – diz Seabra.

Mensagens racistas fazem

auditor pedir licença do STJD

O auditor do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) Ricardo Graiche, em cuja página no Facebook existiam mensagens de cunho racista, pediu licença ontem depois que o assunto veio à tona. Graiche é membro da 3ª comissão do STJD e participou do julgamento do Grêmio, votando pela exclusão do clube da Copa do Brasil por atos de racismo de torcedores contra o goleiro Aranha.

Graiche será investigado pela corregedoria do STJD. A abertura de sindicância foi determinada pelo presidente do órgão, Caio Rocha. O tema veio a público na madrugada de ontem, na Rádio Gaúcha. Diante da repercussão das fotos, postadas em 2012, o auditor apagou seu perfil no Facebook.

O Grêmio vai aguardar que a corregedoria apure o caso antes de tentar a anulação do julgamento. A direção considera precipitado um pré-julgamento, que poderia ser desmoralizado posteriormente, caso o envolvido comprove não ser o responsável pela publicação.

– Não faremos linchamento. É do STJD a tarefa de apurar a responsabilidade – afirma o diretor jurídico Thiago Brunetto, descartando a hipótese de tentativa de anulação do julgamento.

Nas redes sociais, torcedores cobram uma postura imediata, sob a alegação de que o julgamento ficou comprometido. Membro do Pleno do STJD, o advogado gaúcho Décio Neuhaus vê prejuízos para a imagem do tribunal, mas não crê em anulação.

Após a publicação do acórdão da sessão em que foi punido, o Grêmio deve encaminhar recurso ao Pleno do STJD e pedir efeito suspensivo da decisão. A tendência é que, se houver o julgamento, ele ocorra na próxima semana. Caso seja absolvido ou multado, o Grêmio terá direito à partida de volta contra o Santos, para se candidatar a uma vaga nas quartas de final da Copa do Brasil.

Em redes sociais, torcedores do Flamengo prometem agredir a gremistas, a quem chamam de racistas e nazistas, durante a partida de amanhã, no Maracanã.

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

EXCLUSÃO POR ATOS DE RACISMO


ZH 04 de setembro de 2014 | N° 17912


LEANDRO BEHS | RIO DE JANEIRO


UMA MÁCULA NA HISTÓRIA DO GRÊMIO

CLUBE FOI PUNIDO com a exclusão da Copa do Brasil pelos insultos por parte de torcedores contra o goleiro Aranha do Santos, em jogo na Arena. Direção deve recorrer da punição em segunda instância



A 11 dias de completar 111 anos, o Grêmio tornou- se ontem o primeiro clube brasileiro a ser excluído de uma competição por atos de racismo. Os insultos proferidos por torcedores ao goleiro Mário Lúcio Duarte Costa, o Aranha, do Santos, custaram a eliminação na Copa do Brasil, decidida por unanimidade na Terceira Comissão Disciplinar do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). O Grêmio entrará com recurso no Pleno do Tribunal.

A tendência, porém, é de novo revés. A direção não descarta recorrer à Fifa. Revoltado, o Grêmio promete fiscalizar todos os demais times do Brasileirão e exigirá punição a qualquer outro ato de ofensa e injúria. A procuradoria do STJD ainda poderá ingressar no Pleno pedindo a perda de mandos de campo do clube no Brasileirão.

Antes da sessão, o Grêmio pediu ao presidente da Turma, Fabrício Dazzi, que a audiência fosse a portas fechadas. O pedido foi indeferido, e o clube foi julgado diante de 42 jornalistas. A decisão dos auditores foi unânime: cinco votos – todos acompanharam o relator Francisco de Assis Pessanha Filho. A justificativa foi a imposição de uma punição didática à torcida.

– Não foram apenas quatro ou cinco pessoas que fizeram aquilo. Foram atos repugnantes, esta erva daninha está crescendo e começando a se espalhar pelo Brasil – afirmou Pessanha.

Presente ao julgamento, o presidente Fábio Koff era só tristeza. Exibia um semblante cansado e sério, recostado na cadeira do Tribunal, sofrendo com as cortantes palavras dos auditores.

– Se esta condenação servir para acabar com o racismo no Brasil, será fantástico. Mas não creio que isto vá ocorrer. A punição foi exagerada – protestou Koff ao final.

O Grêmio deverá ingressar com recurso até amanhã. Um novo julgamento, em segunda instância, deverá ocorrer na semana que vem. Até lá, o chaveamento na Copa do Brasil estará congelado. O Santos não poderá jogar as quartas de final até a decisão no Pleno.

DEFESA RECORREU A ÍDOLOS E CAMPANHA

Foram quase quatro horas de provas de vídeo e de depoimentos. O subprocurador Rafael Vanzin apresentou imagens de torcedores ofendendo Aranha, da torcedora Patrícia Moreira gritando “macaco”, depoimentos dos jogadores sobre racismo, além da entrevista do goleiro ao Fantástico, afirmando ser “tolerado” e não aceito pela sociedade por ser negro.

Em seguida, a defesa do Grêmio recorreu a suas campanhas contra o racismo, citou ídolos negros e o autor de seu hino, Lupicínio Rodrigues, para provar que não pode receber a pecha de clube racista.

– A decisão atinge um clube com 111 anos de existência, que tem uma escolinha com 1,1 mil crianças, das quais a maioria é de cor. O prejuízo à imagem do clube é irreparável – disse Koff aos auditores.

Em seguida, o trio de arbitragem passou a ser inquirido. O árbitro Wilton Pereira Sampaio e o auxiliar Carlos Berkenbrock tentaram justificar a não interrupção do jogo. Alegaram não terem confiado nos relatos de Aranha e que só acreditaram nos insultos ao vê-los na imprensa, já no hotel. Por isto, não relataram o fato em súmula – só no dia seguinte, em adendo.

A partir de agora, o Grêmio precisará se livrar do estigma do preconceito, algo que se espalhou Brasil afora. A começar neste sábado, contra o Flamengo, no Rio.


Alerta para novos cânticos


O rompimento de relações com a torcida Geral faz o Grêmio tratar como de alto risco a partida contra o Atlético-PR, dia 10, na Arena. A direção se baseia em informações nas redes sociais, sobretudo o Twitter, para se precaver contra novos cânticos racistas, mesmo depois da punição imposta ontem.

Outro jogo considerado perigoso é o do dia 18, contra o Santos, pelo Brasileirão, por marcar a volta do goleiro Aranha, pivô dos atos que redundaram na punição.

Uma reunião entre dirigentes do clube e da Arena Porto-Alegrense é aguardada para hoje. No encontro, a gestora do estádio pretende saber quais as medidas adicionais de segurança o Grêmio projeta implementar para os próximos jogos. Uma das providências cogitadas é a instalação de cadeiras no setor norte do estádio, o espaço preferido dos componentes da Geral. O presidente Fábio Koff ainda se mostra relutante quanto a isso, por julgar a medida elitista.

– Esperamos que a torcida tenha o bom senso de não prejudicar mais. Queremos saber se são torcedores do Grêmio ou são rebeldes sem causa – afirma Lauro Noguez, assessor especial da presidência para assuntos de torcida.

A BM poderá aumentar o contingente na Arena para o jogo contra o Atlético-PR. Considerado um jogo de médio porte pelo Comando de Policiamento da Capital, teria, normalmente, 60 policiais no entorno do estádio e cem na parte interna. Conforme o risco identificado pelo Grêmio, este número poderá quase que dobrar.

Na Polícia Civil, está previsto para hoje o depoimento de Patrícia Moreira, flagrada por câmera da ESPN gritando a palavra macaco para o goleiro santista. Ela responde a inquérito por injúria racial.


A repercussão internacional



ENTREVISTA

“Estigmatizaram a nossa torcida”

RUI COSTA, Diretor de futebol do Grêmio



Como recebeu a decisão?

Foi revoltante ver como os auditores comemoraram a decisão. Em sete anos de STJD, jamais vi auditores se abraçando ao final. Vieram ao julgamento com uma sanha punitiva contra o Grêmio.

No julgamento, foi relatado pelos advogados do Grêmio o caso de injúrias racistas de torcedores do Paraná Clube na partida contra o São Bernardo. O clube foi punido com multa de R$ 15 mil. Isto também causou indignação?

Parece que punir o Grêmio representará solucionar este problema no Brasil todo. Mas a partir de agora, filmaremos todos os jogos. Vamos fiscalizar os clubes, principalmente os que estão à nossa frente no Brasileirão, pois queremos ver todos, cujas torcidas cometerem algum deslize, punidos também.

O Grêmio ficou marcado após este episódio?

O torcedor gremista está sendo denominado de fascista nas ruas. Já temos relatos até de agressões a quem usa camisa do Grêmio. Estigmatizaram a nossa torcida. Sábado, no Maracanã (Flamengo x Grêmio), nossos torcedores estarão em risco por causa disto.


AS PUNIÇÕES

Penas no julgamento de ontem envolvendo o jogo Grêmio x Santos

 GRÊMIO -Exclusão da Copa do Brasil, multa de R$ 54 mil (R$ 50 mil pelas injúrias raciais, R$ 2 mil por papel higiênico arremessado ao gramado e R$ 2 mil por atraso na entrada do campo) e proibição aos torcedores envolvidos de, por 720 dias, entrarem na Arena ou qualquer outro estádio em que o clube seja mandante

ÁRBITRO WILTON PEREIRA SAMPAIO -Suspenso por 90 dias e multado em R$ 1,6 mil por não relatar em súmula as injúrias raciais

AUXILIAR KLEBER LÚCIO GIL -Suspensão de 60 dias e multa de R$ 1 mil

AUXILIAR CARLOS BERKENBROCK -Suspensão de 60 dias e multa de R$ 1 mil

SANTOS -Multa de R$ 4 mil por atraso

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

O RIO GRANDE NÃO É RACISTA


ZERO HORA 03 de setembro de 2014 | N° 17911



EDITORIAL




Responsabilizar o Estado inteiro ou mesmo o clube pelas injúrias raciais praticadas por alguns torcedores é simplista, desproporcional e injusto.

Há racismo no Brasil, isso é inquestionável. Há, igualmente, racismo no Rio Grande do Sul. Mas não se conhece qualquer estudo científico sério que comprove a incidência maior de preconceito racial em nosso Estado do que em outras unidades da federação. Da mesma maneira, todos sabemos que existe racismo no futebol e também em outros esportes, tanto no Brasil quanto no Exterior. Até por isso, o abominável rótulo da discriminação não pode ser colocado na conta de um só clube. O Grêmio tem uma imensa torcida e a maioria dos seus torcedores, assim como a maioria dos gaúchos, abomina o racismo, defende a diversidade e a convivência harmoniosa entre todos os seres humanos. Não poderia ser diferente num Estado multirracial, que se orgulha de abrigar imigrantes de variadas origens étnicas.

Neste contexto, não se pode aceitar que os gremistas e, por extensão, os gaúchos sejam tachados coletivamente de racistas, como vem ocorrendo desde o lamentável episódio do jogo entre Grêmio e Santos, no qual o goleiro Aranha foi ofendido com injúrias raciais por um grupo de torcedores. Responsabilizar o Estado inteiro ou mesmo o clube pelo incidente é simplista, desproporcional e injusto.

As pesquisas históricas desmentem essa generalização.

Os gaúchos têm, entre outras referências acadêmicas importantes, uma obra exemplar para a compreensão da nossa formação. Capitalismo e Escravidão no Brasil Meridional, do sociólogo e ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, é considerado um livro decisivo para o entendimento dos danos do escravismo não só no Estado, mas em todo o sul do país. É também revelador da importância do negro na cultura gaúcha e da contribuição que os movimentos abolicionistas deram para o fim de uma chaga que perdurou por três séculos e meio. Tanto que, em meio a controvérsias, o Rio Grande do Sul decretou o fim da escravidão quatro anos antes da Lei Áurea. Um Estado marcado pela resistência ao escravismo e pela exaltação das liberdades, acentuadas com a chegada dos imigrantes, não pode ignorar esse acervo histórico e seus significados.

Também a história contemporânea do Estado evidencia o equívoco da rotulação. O Rio Grande do Sul já teve como governador o negro Alceu Collares, eleito democraticamente com o voto da maioria absoluta dos gaúchos. Também é deste Estado a primeira Miss Brasil negra, a porto-alegrense Deise Nunes, eleita em 1986. O próprio Grêmio tem uma forte identificação com a população afrodescendente: a estrela solitária de sua bandeira homenageia o negro Everaldo, campeão do mundo em 1970; o hino do clube foi composto pelo negro Lupicínio Rodrigues e o clube mantém, desde o ano passado, uma campanha de conscientização denominada Azul, Preto e Branco: o Grêmio é contra o racismo.

O racismo é inadmissível. Todas as práticas racistas, expressas ou veladas, devem ser combatidas, condenadas e punidas na dimensão exata dos danos que causam às vítimas e à sociedade. O Grêmio deve uma ação mais eficaz na repressão às manifestações dos torcedores que ofendem jogadores e torcedores adversários, seja por xingamentos diretos ou por cânticos injuriosos como o que costuma ser entoado pela torcida organizada Geral para provocar o rival Internacional.

Mas é inaceitável que tais desvios de conduta sejam atribuídos a todos os gremistas e a todos os gaúchos.

terça-feira, 2 de setembro de 2014

RACISMO, HIPOCRISIA E DEMAGOGIA


ZERO HORA 02 de setembro de 2014 | N° 17910


SÉRGIO DA COSTA FRANCO*


Multidões são universalmente irracionais, violentas e inconsequentes. Quanto às multidões que lotam os estádios de futebol, é inevitável que, além de exacerbadas pela disputa esportiva, e não controladas por qualquer poder superior ou liderança emotiva, assumam atitudes agressivas e desumanas. Ninguém jamais as controlará. Por isso, despertam-me até indignação as manifestações que têm surgido nos veículos de comunicação, de sumária condenação (e até diria linchamento) de uma parcela reduzida da torcida gremista, que ofendeu o goleiro Aranha, do Santos F.C. Esclareça-se que “Aranha” é apelido ostentado por aquele atleta desde a Baixada Santista, decerto em razão de alguma similitude descoberta pelos seus conterrâneos, não inventada nas arquibancadas da Arena do Grêmio. As torcidas de futebol são criativas na aplicação de alcunhas, algumas amistosas, outras francamente agressivas, dependendo do grau de estima ou desestima do jogador. A injúria aos participantes do prélio esportivo é algo entranhado nas tradições do futebol e que tanto atinge os próprios atletas em campo quanto a comissão técnica, os “bandeirinhas” e suas mamães. O epíteto de “burro” acompanha inevitavelmente os treinadores. As mães dos árbitros devem adaptar-se a uma ladainha de insultos, às vezes gritados em coro e em geral tolerados com alguma bonomia.

Xingar o árbitro da partida é permitido, salvo se ele tiver um bisavô na África. Xingar a mãe do árbitro é admissível... Mas agora, em nome da hipocrisia do “politicamente correto”, pretende-se bloquear os afrodescendentes contra qualquer hostilidade verbal, mesmo quando a provoquem. “Negrão”, só com licença do próprio. E não duvido que criminalizem até o carinhoso “neguinho”, que é apelativo usual entre brancos afetuosos.

Contra injúrias, todos temos direito a proteção legal, mediante queixa... se e quando a identificação do ofensor se tornar possível. Mas, na imprensa do Rio e de São Paulo, pretende-se crucificar o Grêmio e o próprio Rio Grande do Sul como racistas, por causa de manifestações incontroláveis. Como se no Rio e em São Paulo não houvesse práticas similares. E agora me contam que uma das moças da torcida gremista perdeu até o emprego em função da campanha demagógica. Suprema injustiça!


*HISTORIADOR

O MACACO DE PATRÍCIA


ZERO HORA 02 de setembro de 2014 | N° 17910



MANOEL SOARES*




Desde a última quinta-feira acompanho de perto o episódio que envolve a gremista Patrícia. Ao conversar com um de seus irmãos, que pediu para que não revelasse seu nome, vi um homem com os olhos cheios de lágrimas que lamentava o estado de saúde da mãe depois da atitude de Patrícia. Ele conta que ela, desde os 10 anos de idade, sempre foi fanática pelo Grêmio. Diz que, se para provar que era gremista precisasse cortar um dedo da mão, ela cortaria. Os vizinhos mais próximos, a maioria negros, contam que ela é fã do Grupo do Bola e, já de acordo com amigos próximos, ela namorou um jovem negro por quem ainda guarda paixão. No trabalho, de acordo com colegas, era uma moça doce, mas sempre recebia a recomendação de calma ao entrar no estádio. Amigos dizem que ela se transformava completamente. Ninguém que conheci definiu Patrícia como racista, mas como uma menina impulsiva e excessivamente dedicada ao clube de futebol que torcia. Olhando suas redes sociais, vi que o seu desequilíbrio estava sempre conectado ao futebol. Em uma das fotos, vi-a segurando um bicho de pelúcia que parecia ser um macaco com a camisa do Internacional.

Existem racistas aqui em nosso Estado, eu já tive que correr de carros em alta velocidade cheio de jovens me chamando de negro sujo. Quando namorei uma jovem de pele clara, fui apresentado ao seu pai e ele interpretou a escolha dela em namorar um negro como uma provocação. Me lembro como hoje das palavras dele: “Só o que me falta, essa destrambelhada quer escurecer a família”.

A partir das minhas expe- riências pessoais, fiquei intrigado, porque raramente o racista se afeiçoa ou interage com negros como ela. Mas ainda resiste a pergunta: por que Patrícia achou que poderia fazer o que em outros momentos de sua vida não faz?

Patrícia deve pagar pelo seu erro, mas atacar somente ela é secar o chão com a torneira aberta. Não se trata somente de um clube de futebol, mas de uma consciência coletiva. O racismo nos estádio tem mais de 23 anos de idade.

Mas, como negro, posso garantir a vocês que a Patrícia nos fez um favor: mostrou que o racismo precisa ser debatido, pois ele existe e, se encontrar solo fértil, cresce.*JORNALISTA

COMO A ESPANHA DESINTEGROU QUTRO TORCIDAS ORGANIZADAS

ZERO HORA 02 de setembro de 2014


LUIZ ZINI PIRES


Torcidas organizadas perderam lugar na Espanha. Encontro quatro exemplos. Podem ser úteis. Quem sabe copiados.


O grupo Ultrassur instalou-se no Santiago Bernabéu e foi alimentado por três décadas pelo Real Madrid. Quando fugiu do controle, foi punido. Os dirigentes expulsaram o Ultrassur do seu lugar habitual no estádio, aumentaram a vigilância interna e a Justiça apanhou os líderes do violento bando. O Ultrassur murchou, ao menos em Madri.

Com bandeiras do Barcelona, o Boixos Nois ganhou assento no Camp Nou, mas extrapolou. Seus componentes envolveram-se em brigas, tráficos de drogas, vandalismos e bebedeiras. A direção podou seu espaço no estádio. Sem lugar cativo e referência em dias de jogos, o Boixo Nois perdeu força e se desintegra aos poucos.

As Brigadas Blanquiazules foram proibidas de frequentar o estádio do Espanyol, em Barcelona, e vivem seu fim.

O Bastión, do Atletico de Madrid, foi dissolvido depois que um dos seus líderes matou um torcedor da Real Sociedad. Não existe mais.

Inimigos no futebol, os bandos se parecem fora dele. São grupos de direita e fascistas. Chamam negros de macaco nos estádios e atacam muçulmanos nas ruas. Unidas, a autoridades dos clubes e a lei liquidaram os delinquentes.

O futebol espanhol melhorou.



O galês Bale recebe o apoio da verdadeira torcida do Real Madrid. Os delinquentes fantasiados de torcedores foram varridos do Estádio Santiago Bernabéu. Foto Gerard Julien/AFP,BD

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

GREMIO SUSPENDE TORCIDA DA GERAL

ZERO HORA 01/09/2014 | 19h16

Imposição da direção. Atos racistas levam Grêmio a suspender atividades da Geral

Nota divulgada pelo clube lista quatro medidas que serão tomadas com relação à torcida organizada



Foto: Fernando Gomes / Agencia RBS


O Conselho de Administração do Grêmio divulgou nota na tarde desta segunda-feira na qual suspende por tempo indeterminado a torcida Geral de qualquer atividade relativa ao clube. Em quatro itens, o texto cita ainda que os cânticos entoados na partida de domingo, contra o Bahia, tiveram "claramente o objetivo de prejudicar" a agremiação.

A Geral do Grêmio também será proibida de utilizar marcas de propriedade intelectual do clube. O comunicado ainda observa que torcedores podem ser desligados do quadro social, caso identificados.

Confira a íntegra da nota:

O Conselho de Administração do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense, no uso de suas atribuições e considerando a gravidade dos fatos ocorridos no jogo entre Grêmio e Bahia, pelo Campeonato Brasileiro 2014, os quais tiveram claramente o objetivo de prejudicar o Clube, resolve:

1) Suspender por tempo indeterminado qualquer atividade da torcida organizada denominada Geral do Grêmio;

2) Proibir, por parte da referida torcida, a utilização das marcas de propriedade intelectual do Clube;

3) Identificar possíveis sócios envolvidos no episódio para ultimar medidas administrativas visando seu desligamento da atividade associativa e da frequência ao estádio, se for o caso;

4) O Clube, diante dos últimos fatos ocorridos em relação ao campo de jogo, estudará, em conjunto com a Arena, formas de evitar que novos incidentes acarretem em multas, perda de mandos de campo e prejuízos à imagem do clube e de sua ordeira torcida.

Aos torcedores, jogadores e funcionários do Grêmio e integrantes das demais torcidas organizadas, agradecemos pelo apoio e engajamento que sempre emprestaram às campanhas de conscientização realizadas pelo Clube, especialmente no jogo do último domingo.

PRESIDENTE DO GRÊMIO DETONA ATITUDE DA TORCIDA QUE ENTOOU CÂNTIGO RACISTA


Koff detona atitude da Geral: "Que torcedor é este que vai ao estádio para prejudicar o clube?"Organizada entoou cânticos com a palavra "macaco" durante a vitória sobre o Bahia

DIÁRIO GAÚCHO Atualizada em 31/08/2014 


Foto: Fernando Gomes / Agencia RBS


A tarde da vitória do Grêmio diante do Bahia foi marcada por uma série de protestos contra o racismo, uma tentativa de apagar a imagem deixada pela atitude discriminatória sofrida pelo goleiro Aranha. Por outro lado, também teve cânticos entoados pela Geral com a palavra "macaco". Após o jogo, o presidente Fábio Koff revoltou-se contra a atitude da organizada.

— Eu tenho a lamentar, de novo, os cânticos racistas, que não cabem dentro de um estádio. Não há como o Grêmio admitir, como instituição. Estamos enfrentando problemas com torcedores com muito rigor. Temos sofrido as consequências por isso — destacou, para depois completar:

— Hoje uma facção da torcida praticamente acaba com a tese do Grêmio (no julgamento de quarta-feira). Parece que propositalmente querem acabar com a tese do Grêmio. Que torcedor é esse que vai ao estádio para prejudicar o seu clube?

Nos minutos finais do primeiro tempo, torcedores no setor da arquibancada norte, onde a organizada se posiciona, entoaram cânticos com a palavra "macaco" se referindo ao Inter e seus torcedores. Foram imediatamente repreendidos com vaia pela maioria dos gremistas presentes. Na sexta-feira, a Torcida Jovem emitiu nota em que prometeu suprimir de seus cânticos a alcunha comumente utilizada por gremistas para designar o rival.

Com exceção dos cantos atrás da goleira, o jogo foi repleto de demonstrações de repúdio ao racismo. Antes da partida, um vídeo com mensagens contra o preconceito racial foi exibido nos telões do estádio. O Grêmio entrou em campo carregando uma faixa com a inscrição: "somos todos azuis, pretos e brancos. Chega de racismo".

Pelas arquibancadas e cadeiras da Arena, as manifestações contra a intolerância se espalharam. Mensagens em cartazes levados pelos torcedores procuravam explicar que o episódio de quinta-feira não significa que o Grêmio e seus torcedores são racistas.


Grêmio prepara defesa em julgamento e descarta fechar espaço da Geral. Compromisso de identificar e punir os torcedores envolvidos na injúria racial contra o goleiro Aranha, do Santos, é o trunfo do clube

por Luis Henrique Benfica, DIÁRIO GAÚCHO 31/08/2014 | 17h25



Foto: Fernando Gomes / Agencia RBS


Por enquanto, o compromisso de identificar e punir os torcedores envolvidos na injúria racial contra o goleiro Aranha, do Santos, é o trunfo do Grêmio para o julgamento de quarta-feira, às 14h, na comissão disciplinar do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), no Rio. A exclusão da Copa do Brasil ou a perda de até 10 mandos de campo em jogos do Brasileirão são ameaças ao clube.

Foram identificados dois sócios, já suspensos preventivamente. Um deles é Patrícia Moreira, flagrada por câmeras gritando a palavra macaco. Um procedimento disciplinar junto ao Quadro Social poderá determinar a exclusão definitiva.

A suspensão do jogo de volta já é considerada pelo Grêmio uma punição antecipada, pela imagem que traz para o clube. Agora, a luta é para evitar uma sanção maior.

— Não aceitamos a pecha de clube racista. Temos tomado todas as medidas necessárias para evitar atos dessa natureza. A condenação do clube será a vitória das minorias intolerantes — avalia o diretor jurídico Thiago Brunetto.

O Grêmio não cogita fechar o espaço que abriga a torcida Geral. Considera a medida elitista, por roubar do torcedor a chance de pagar ingresso mais barato. Além disso, os dirigentes se dizem convencidos de que os baderneiros migrariam para outros setores da Arena.


SUSPEITOS DE INJURIA RACIAL SERÃO OUVIDOS NA POLÍCIA

(Reprodução, ESPN)

DIÁRIO GAÚCHO 01/09/2014 | 09h33


André Baibich

Polícia espera ouvir suspeitos em caso de injúria racial na Arena nesta semana. Torcedora flagrada chamando o goleiro de "macaco" pode ser intimada a depor



Aranha prestou depoimento na sexta-feira em Porto Alegre antes de viajarFoto: Ricardo Rímol / Agência Lancepress!



Após receber do Grêmio e da Arena as imagens das câmeras de segurança do estádio, a Polícia Civil espera identificar e intimar a depor nesta semana os suspeitos de praticar injúria racial contra o goleiro Aranha durante o jogo entre Grêmio x Santos, pela Copa do Brasil.

Os policiais agora se debruçam sobre cerca de uma hora de imagens entregues pela Arena na noite de domingo. O Grêmio diz ter identificado cinco torcedores que praticaram as ofensas, mas seus nomes ainda não foram repassados às autoridades.

- Recebemos as imagens do Grêmio e estamos analisando. Esperamos ouvir testemunhas e fazer intimações até o final da semana - disse o delegado da 4a Delegacia de Polícia Civil de Porto Alegre, Herbert Ferreira.


Entre as chamadas a depor deve estar Patrícia Moreira, flagrada pelas câmeras da ESPN chamando o goleiro santista de "macaco". A jovem foi afastada do trabalho, excluiu seus perfis nas redes sociais para evitar xingamentos e teve sua casa apedrejada. Sócia do Grêmio, foi suspensa do quadro social.

A pena para o crime de injúria racial é de um a três anos de reclusão. A sanção pode ser ampliada se o ato for praticado na presença de várias pessoas.


QUE TORCEDOR É ESSE QUE VEM PARA O ESTÁDIO PREJUDICAR O GRÊMIO?



ZH 01 de setembro de 2014 | N° 17909


LUÍS HENRIQUE BENFICA


O DESABAFO DE KOFF

NO JOGO EM que o clube esperava amenizar os efeitos dos atos de injúria racial da quinta-feira passada contra o goleiro do Santos, torcedores da Geral voltaram a entoar cânticos racistas e provocaram a ira do presidente



Nem a ameaça de severa punição ao Grêmio pelo episódio de racismo do meio da semana contra o goleiro Aranha do Santos parece sensibilizar a torcida Geral. Pelo menos em dois momentos da vitória de ontem de 1 a 0 sobre o Bahia, cânticos com a palavra macaco partiram da arquibancada norte da Arena, onde se concentra a organizada. Nas duas ocasiões, houve enérgicos protestos e vaias nas outras dependências do estádio. Para muitos, a Geral, ao entoar o cântico racista, manifesta inconformidade por não ser mais subsidiada pela direção.

– Lamento esses cânticos racistas. Essa facção da torcida praticamente acaba com a tese do Grêmio. Parece que, propositadamente, querem prejudicar o Grêmio no julgamento de quarta-feira. Que torcedor é este que vem ao estádio para prejudicar seu clube? – questionou, depois do jogo, o presidente Fábio Koff.

– Que providências maiores nós temos de tomar para que esses fatos não se repitam e que a história do Grêmio não seja manchada por episódios dessa natureza? Não sei – respondeu Koff. – Vamos ver se identificamos esses, os fatos de hoje, e os excluímos da convivência de um estádio de futebol do jogo do Grêmio.

Entre os dirigentes, há inconformismo com o fato de alguns integrantes da Geral terem mandato no Conselho Deliberativo.

Questionado sobre o comportamento da torcida, o técnico Luiz Felipe Scolari falou:

– Não ouvi (o canto). Acho isso uma aberração, uma tristeza para todos nós. Temos que dar um basta nisso, a população em geral e o governo, para acabar com esta bobagem. Cor não quer dizer nada. O que vale é o caráter.

Em forma de repúdio, torcedores exibiram faixas e cartazes contra o preconceito. Os próprios jogadores, antes da partida, carregaram uma faixa com a inscrição “somos azuis, pretos e brancos, chega de racismo”. O mesmo recado foi dado pelo clube, nos telões da Arena.

JULGAMENTO SERÁ NA QUARTA-FEIRA

Até ontem, o compromisso de identificar e punir os torcedores envolvidos no caso de injúria racial contra o goleiro Aranha, do Santos, era o trunfo do Grêmio para o julgamento de quarta-feira, às 14h, na comissão disciplinar do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), no Rio. A exclusão da Copa do Brasil ou a perda de até 10 mandos de campo em jogos do Brasileirão são ameaças ao clube.

No jogo de quinta, foram identificados dois sócios, já suspensos preventivamente. Um deles é Patrícia Moreira, 23 anos, flagrada por câmeras gritando a palavra macaco. Um procedimento disciplinar junto ao Quadro Social poderá determinar a exclusão definitiva dos torcedores.

Ontem, o goleiro Aranha voltou a falar no assunto em entrevista exibida pelo Fantástico:

– Sempre quando acontece briga no estádio, esse negócio de racismo, de vandalismo, aí a gente costuma dizer, os clubes e todo mundo costuma dizer: “Não são torcedores, é a minoria”. Mas a minoria manda? Se tinha 2 mil pessoas ali atrás e cinco estavam tomando essa atitude, por que as outras pessoas não cobraram delas uma postura melhor?

E falou sobre a punição que espera para a torcedora gremista:

– Essa mocinha aí, acho que a principal punição tem de ser essa, da pessoa nunca mais pisar no estádio, em um lugar público, porque ela me xingou, mas tinha vários outros negros ali.

Na noite de sexta-feira, um vizinho da torcedora Patrícia, que reside em um bairro popular da zona norte da Capital, jogou pedras contra a casa dela. O ato gerou a revolta de vizinhos, para quem a torcedora jamais demonstrou ser racista. A polícia pretende ouvir a torcedora no inquérito aberto para apurar o caso.

domingo, 31 de agosto de 2014

INTOLERÂNCIA NOS ESTÁDIOS


ZERO HORA 31 de agosto de 2014 | N° 17908


JONES LOPES DA SILVA


COMO ESTANCAR O RACISMO

INCONFORMADO COM AS ofensas racistas nos estádios, no início de julho movimento de gremistas promoveu seminário para coibir em estatuto a discriminação, com base em documento inédito no futebol brasileiro, redigido por sociólogo gaúcho. Dois meses depois, porém, medida não avançou



O procurador federal Renato Moreira viajou sexta-feira ao Rio, por coincidência, no mesmo voo em que a delegação do Santos retornava para casa. Havia um silêncio incomum entre o grupo de jogadores, apesar dos festejáveis 2 a 0 sobre o Grêmio. Bem perto da poltrona de Moreira, o goleiro Aranha se mostrava abatido. Recém havia registrado na delegacia queixa pelas agressões raciais sofridas na noite anterior na Arena.

Moreira, vice-presidente do Grêmio, ele próprio o mais envolvido em soluções internas contra o racismo, não se sentiu com coragem de falar com o goleiro. Estava envergonhado demais.

Quando o dirigente chegou ao flat onde se hospeda no Rio, o porteiro, que já o conhecia, mostrou uma camiseta do Grêmio a um canto da portaria e disse:

– Eu ia pedir um autógrafo, mas desisti. Depois daquilo que aconteceu ontem (sexta-feira), vou deixar para lá.

De novo Moreira ficou sem jeito, e se sentiu um derrotado no combate ao racismo, apesar dos alertas no telão da Arena antes do jogo de quinta-feira, das faixas contra a discriminação puxadas por Zé Roberto e Marcelo Grohe e das campanhas veiculadas pelo clube na tentativa de coibir os gritos de “macacos” e os grunhidos de “hu,hu,hu” da torcida.

O que fazer? Em julho, o grupo político de Moreira, Movimento Grêmio Vencedor (MGV), promoveu um seminário sobre ações concretas contra discriminação. Discutiram a proposta do sociólogo Edilson Nabarro, 60 anos, diretor do Departamento de Programas de Acesso e Permanência e das Ações Afirmativas da UFRGS, negro e gremista “de família”.

Segundo Nabarro, nada adianta ser contra o racismo se o clube não adota regulamento interno com prevenção e punição definidas em estatuto.

– É preciso um protocolo de combate à violência e ao racismo, previsto em estatuto, a responsabilidade é do clube – defende Nabarro, há anos ligado aos movimentos negros do Estado.

O MGV convidou ao seminário os mais de 300 conselheiros e muitos raros apareceram. Apenas o presidente do Conselho, Milton Camargo, esteve presente nos painéis que debateram o documento “Compromisso com a cultura da paz nos estádios e erradicação do racismo e todas as formas de intolerância” – o primeiro ordenamento de ações contra o racismo de que se tem notícia já apresentado dentro de um clube brasileiro.

PROPOSTAS EDUCADORAS PARA DIRIGENTES E TORCIDA

Também o juiz de Direito Marco Aurélio Xavier, o procurador do TJD, Alberto Franco, e representantes do Juizado Especial Criminal (Jecrim) e da FGF deram sustância ao encontro, que, apesar de pioneiro, não evoluiu, passados dois meses.

As propostas são educadoras. Começam pelos objetivos de conscientizar dirigentes, comissão técnica, jogadores e sócios, promover ações humanitárias, abolir os “cânticos com conotação racistas ou de desprezo a outros grupos discriminados”, alertar as organizadas sobre “as consequências individuais e coletivas do racismo”, estimular seminários contra o violência. Passam pela metodologia de avaliações periódicas, com comissões de relatorias e acompanhamentos de pessoas ligadas ao direitos humanos, OAB, FGF, sindicato dos jogadores e movimento negro.

A ideia, embora discutida no âmbito do Grêmio, é fazer do projeto uma referência ao futebol brasileiro.

– Seria um exemplo aos outros clubes do país, que também sofrem com atos racistas entre as torcidas – propõe Nabarro, que há dois anos lida com o assunto.

Em 2013, o sociólogo encontrou o presidente Fábio Koff na churrascaria Barranco, em Porto Alegre. Incomodado com os insultos endereçados a jogadores negros no Olímpico e depois na Arena, Nabarro foi conversar com o dirigente:

– Senhor Fábio Koff, sou um gremista inconformado com as ofensas racistas no estádio.

O presidente ouviu Nabarro e lhe disse que um de seus assessores o procuraria outro dia para promover um encontro à procura de soluções. Até hoje Nabarro aguarda o tal assessor.

A aproximação com Moreira ocorreu mais tarde, porque ambos trabalham na UFRGS.

– Ainda vamos realizar um segundo seminário e, só então, redigiremos um documento definitivo, a ser encaminhado à direção do Grêmio – disse Moreira.

Também a arbitragem nacional precisa se reciclar. No país inteiro não há orientações de como o árbitro deve proceder quando surgem manifestações racistas em campo. Na quinta-feira, o juiz goiano Wilton Pereira Sampaio não deu atenção aos alertas do goleiro Aranha, que sofria as ofensas em durante a partida.

Numa primeira versão da súmula do jogo, nem registrou as agressões. Somente na sexta-feira pela manhã, depois da repercussão nacional, houve adendo à súmula, com a inclusão do caso.

– Sem regra, o árbitro teme enfrentar o assunto (do racismo). Pode ser prejudicado pelo clube ou por quem comanda a arbitragem – diz Márcio Chagas, ex-árbitro, hoje comentarista, vítima de um caso de repercussão de racismo no futebol.

sábado, 30 de agosto de 2014

IDENTIFICAR E PUNIR


ZERO HORA 30 de agosto de 2014 | N° 17907


EDITORIAIS

Episódios como o da última quinta-feira na Arena do Grêmio devem ser debatidos amplamente, até que se dissemine pelo país a ideia de que práticas toleradas no passado já não podem mais ser aceitas.



A jovem torcedora do Grêmio flagrada pela televisão no momento em que ofendia o goleiro do Santos com injúrias raciais já foi identificada e certamente será responsabilizada legalmente por seu ato. Espera-se que outras pessoas que tiveram atitude semelhante também sejam punidas na medida exata de sua participação no lamentável episódio. Manifestações racistas têm que ser combatidas sem tréguas, no futebol e em outros setores da sociedade. Tão importante quanto a punição, porém, é a formação de uma cultura de conscientização e de convivência com a diversidade em todas as suas formas.

Por isso é essencial que episódios como o da última quinta-feira na Arena do Grêmio sejam debatidos amplamente, até que se dissemine pelo país a ideia de que práticas toleradas no passado já não podem mais ser aceitas. Xingamentos e ofensas de natureza racial são fáceis de identificar, mas o preconceito sutil – o grito anônimo no meio da multidão, as piadinhas, os apelidos aparentemente inocentes – também contribui para a discriminação.

O futebol é hoje, talvez, a vitrine mais visível do racismo. No caso referido, porém, deve-se ressalvar que a maioria das 30 mil pessoas presentes ao jogo Grêmio x Santos não compartilha, não aceita e não pode ser responsabilizada pela estupidez dos torcedores que ofenderam o goleiro Aranha. Da mesma forma, o clube parece disposto a colaborar nas investigações policiais e a contribuir para que essas pessoas sejam excluídas de sua torcida.

Não pode ser de outra maneira. Por mais que as atitudes racistas causem indignação, seus autores têm que ser punidos na exata dimensão de suas responsabilidades. Punições generalizadas, que possam atingir também inocentes, não são justas nem dissuasórias. Porém, é inaceitável que se deixe de punir sob o pretexto da dificuldade de identificação. Atualmente, com a proliferação de câmeras de vigilância, com as transmissões por televisão e com a produção individual de imagens através de celulares e smartphones, há muito mais recursos para uma investigação criteriosa que leve efetivamente aos autores das injúrias.

Para sermos eficientes no combate à discriminação, é impositivo que sejamos, acima de tudo, justos nos nossos critérios de avaliação e julgamento.

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

TORCEDORA VIRA SÍMBOLO DO RACISMO NOS ESTÁDIOS

ZERO HORA 29/08/2014 | 18h36

Com exposição nas redes sociais, torcedora vira símbolo da cultura racista nos estádios
Patrícia Moreira da Silva, 23 anos, foi flagrada xingando o goleiro santista de “macaco” na noite da última quinta-feira na Arena

por Vanessa Kannenberg


Gremista foi flagrada por câmeras de televisãoFoto: Reprodução


Uma jovem de 23 anos, auxiliar de um centro odontológico na Capital, saiu do anonimato de uma hora para outra. Ainda que não tenha sido a única a gritar xingamentos racistas ao goleiro Aranha, do Santos, na derrota do Grêmio na Arena na última quinta-feira, Patrícia Moreira da Silva tornou-se o rosto do preconceito.

Mesmo acompanhada por outros torcedores na atitude, até agora, apenas a jovem perdeu o emprego, sumiu das redes sociais, não atende ao celular e não foi mais vista por vizinhos e amigos.

Patrícia foi parar em jornais, sites e redes de televisão do país inteiro – e até de fora do Brasil. Milhares de comentários em redes sociais (muitos deles ofensivos) criticaram a atitude da jovem. O linchamento virtual culminou na exclusão dos perfis pessoais dela no Facebook e no Instagram. O que Patrícia fez na Arena configura crime de injúria racial e deve ser investigado pelo Ministério Público.

— Vítima ela não é, ela é culpada. Mas um crime não elimina o outro. Ela errou e deve ser punida, mas isso não justifica os insultos (que ela recebeu). Não é por aí que vamos resolver as coisas — defende Mauricio Corrêa da Veiga, pós-graduado em Direito e presidente da Comissão de Direito Desportivo da OAB-DF.


Autor do livro A evolução do futebol e das normas que o regulamentam — Aspectos trabalhista-desportivos, Veiga acredita que a punição tem caráter pedagógico e evita a repetição:

— Por mais que não tenha antecedentes (criminais) e possa ter sido movida pelo que os outros estavam fazendo, ela cometeu um crime. Se não for punida, outros vão achar que podem fazer igual — disse.

A doutora em Psicologia Raquel da Silva Silveira, professora e integrante do Centro de Referência em Direitos Humanos da UFRGS, considera positiva a repercussão e é enfática:

— Não acho que esteja havendo uma vitimização dela (nas redes sociais), mas uma responsabilização. Vítima é o negro que foi chamado de macaco. Ela está sendo responsabilizada publicamente pelo ato errado, o que é bom, porque significa que as pessoas estão desaprovando essa prática — aponta Raquel.


Sobre o fato de a auxiliar em odontologia ter sido descoberta e “denunciada” pelos internautas, André Fagundes Pase, professor de Comunicação Digital da PUCRS, acredita que seja uma característica do comportamento virtual atual.

— Apontar e caçar o culpado, seja nesse caso da torcedora ou como no Caso Bernardo, não resolve o problema. Uma campanha nas redes não vai acabar com o racismo. Precisamos achar formas de discutir mais a fundo esse problema — propõe Pase.

Roberto Romano, professor de Política e de Ética da Unicamp, acredita que Patrícia deveria vir a público para pedir desculpas e "desarmar os ataques virtuais".

— Não que ela mereça ser desculpada. Ela tem de pagar por ter diminuído outro ser humano. Mas as pessoas que a insultam estão sendo tão selvagens quanto ela — afirmou Romano.

Para o especialista, a ética é algo que se aprende e que passa a ser automático, o que signfica que Patrícia pode ter reproduzido uma ação, "mesmo sem perceber", mas que isso não elimina o erro.



RACISMO É CRIME E TEM DE SER PUNIDO


BLOG DA ROSANE DE OLIVEIRA, 29 de agosto de 2014




De novo, a vergonha por mais uma manifestação racista no meu Estado. Vergonha maior porque essa manifestação nojenta veio da torcida do Grêmio, o time pelo qual tenho simpatia desde criança. Vergonha porque não é a primeira, nem a segunda, nem a última vez. Enquanto não houver punição para esses idiotas que se dizem torcedores, continuaremos a lamentar o que aconteceu com Aranha, com Márcio Chagas, com Dani Alves e com tantos outros negros ofendidos em estádios. Aliás, o torcedor que chamou Dani Alves de macaco foi banido para a vida inteira dos estádios. Mas isso foi na Europa. Aqui o Grêmio emitiu uma nota de repúdio e muita gente vai achar que é suficiente. Não é!

Eu quero ver o que a justiça desportiva vai fazer. Aplicar multa? Banir o Grêmio da Copa do Brasil? Tirar o mando de campo por alguns jogos?

O que tem na cabeça essa mulher que aparece no vídeo xingando o jogador do Santos? Essa dona _ e os outros babacas que chamam adversários de “macaco imundo” ou fazem gestos que lembram os primatas _ devem achar que vieram ao mundo trazidos pela cegonha. Esquecem que somos todos descendentes de macacos e temos uma dívida histórica com os negros, por conta da escravidão.
Eu quero ver esses torcedores prestando serviços comunitários, lavando chão, pagando cestas básicas, sendo impedidos de ir aos estádios. Eu quero ver o Grêmio ajudando a polícia a identificar os criminosos. Sim, porque racismo é crime e está tipificado no Código Penal. Eu sei que os justos não podem pagar pelos pecadores, mas se os não-racistas ficam de braços cruzados diante de uma manifestação racista, e isso tem sido recorrente na Arena, merecem a punição de passar algum tempo sem poder ver seu time jogar. Defendi a puniçãopara o Esportivo, quando ocorreu com Márcio Chagas, reafirmo agora quando se trata do meu time do coração.

Estamos na Era das selfies e dos vídeos para tudo. Que cada um faça a sua parte e denuncie os criminosos que fazem manifestações racistas, para que um dia tenhamos respeito nos estádios de futebol.


<iframe width="560" height="315" src="//www.youtube.com/embed/XSBlzf_5EfA" frameborder="0" allowfullscreen></iframe>

ATOS DE RACISMO NA TORCIDA DO GRÊMIO

ZH 29/08/2014 | 01h26
Grêmio pode ser punido no STJD por ato de racismo de torcedores contra Aranha. Clube pode perder mandos de jogo ou até ser excluído da Copa do Brasil



por Adriano de Carvalho


Foto: Fernando Gomes / Agencia RBS

As injúrias raciais proferidas por um grupo de torcedores do Grêmio ao goleiro Aranha, do Santos, no jogo desta quinta-feira pela Copa do Brasil, podem causar sérios prejuízos ao time gaúcho, mesmo que o árbitro Wilton Pereira Sampaio não tenha relatado o incidente na súmula divulgada no site da CBF.

O clube, que já foi multado em R$ 80 mil neste ano, por ofensas dirigidas pela torcida ao zagueiro Paulão, do Inter, na decisão do Gauchão, pode perder mandos de jogo ou até ser excluído da Copa do Brasil pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).

Caso seja denunciado pela procuradoria do STJD, o Grêmio seria enquadrado no artigo 243-G do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), "praticar ato discriminatório, desdenhoso ou ultrajante, relacionado a preconceito em razão de origem étnica, raça, sexo, cor, idade, condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência".

Quando ouviu as manifestações, vindas do setor arquibancada norte na Arena, Aranha reagiu e o jogo chegou a ficar parado por conta do incidente. O goleiro gesticulou para o árbitro indicando que os torcedores imitavam gestos típicos dos macacos para ofendê-lo. Na saída de campo, o goleiro mostrou toda sua indignação.

— Fiquei bem nervoso. Com o perdão da palavra, fiquei p...Isso dói. Não é possível. Me chamaram de preto, de macaco. Bati no braço e disse que sou preto mesmo, se eles consideram isso como ofensa. Todo mundo que vem jogar aqui sabe que tem uns "artistas". Não são todos, mas acontece. O importante é eu vir aqui e falar, para que todos fiquem espertos — desabafou Aranha.

Conforme Alberto Franco, procurador-geral do Tribunal de Justiça Desportiva do RS, o ocorrido pode ter desdobramentos ao clube e também à torcedora identificada em imagens capturadas pelo canal ESPN. O fato, exibido em rede nacional, gerou grande repercussão nas redes sociais. O vídeo mostra uma torcedora gritando a palavra "macaco" ao goleiro santista, além de um grupo de gremistas, que gritava "uh, uh, uh" na direção de Aranha.

— Existem três esferas. A administrativa, que é o Grêmio excluí-la do quadro social; a desportiva, que será julgada pelo STJD, e também a criminal, onde a torcedora responderá, caso identificada — explica Franco.

O assessor de futebol do Grêmio, Marcos Chitolina, afirmou que o clube não medirá esforços para identificar e punir os envolvidos no episódio.

— O Grêmio não é uma instituição racista. Foi um ato individual, a Arena tem as condições de identificar este torcedor. O Grêmio tomará as medidas cabíveis previstas pela lei — garante o dirigente.

A Brigada Militar solicitou o vídeo do incidente à Arena Porto-Alegrense, empresa que faz a gestão do estádio. Com 240 câmeras, sendo 25 delas de alta definição, o sistema de monitoramento grava as imagens em um servidor. Assim, podem ser disponibilizadas ao Grêmio, à Polícia ou ao Ministério Público para averiguações.

O Grêmio, em seu site, divulgou uma nota repudiando o incidente. Leia a íntegra:

O Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense lamenta e repudia o ato de racismo ocorrido na noite desta quinta-feira, durante partida realizada pela Copa do Brasil, na Arena do Grêmio. O Clube se solidariza com o atleta Aranha e com seu clube, Santos, ressaltando que atos como esse são fruto de atitudes individuais e isoladas, que em nada representam a grandiosidade e o respeito da torcida gremista.

Informamos que o Departamento Jurídico do Clube, em conjunto com a administração da Arena, já está tomando todas as medidas possíveis para que os envolvidos neste episódio sejam identificados e para que os materiais disponíveis sejam enviados às autoridades policiais, a fim de tomarem as providências cabíveis no âmbito criminal.

No que se refere às ações administrativas, caso os responsáveis identificados sejam sócios do clube, estes serão imediatamente suspensos do Quadro Social e proibidos de ingressar no estádio.
Reiteramos que o Grêmio tem sido um incentivador de iniciativas que visam coibir esse tipo de crime e que continuará alerta e atuante na luta contra a discriminação racial.


VÍDEO NA FONTE: 
http://zh.clicrbs.com.br/rs/esportes/gremio/noticia/2014/08/gremio-pode-ser-punido-no-stjd-por-ato-de-racismo-de-torcedores-contra-aranha-4586158.html



sexta-feira, 22 de agosto de 2014

MORRE PROFESSOR AGREDIDO POR HOOLIGANS. VEREADOR SUSPEITO SEGUE EM LIBERDADE


Morre torcedor palmeirense e polícia pede prisão de vereador suspeito. Raimundo Faustino (PT) esteve na delegacia, mas segue em liberdade. Ele disse à polícia não ter usado madeira para agredir torcedor.

Do G1 São Paulo, 21/08/2014




O professor Gilberto Torres Pereira, que tinha 30
anos, foi morto no domingo. (Foto: Reprodução)

O professor Gilberto Torres Pereira, de 30 anos, torcedor do Palmeiras agredido em uma briga com corintianos no domingo (17), morreu em um hospital de Franco da Rocha na noite de quarta-feira (20), segundo a Secretaria de Estado da Saúde.

A Polícia Civil disse já ter pedido a prisão preventiva vereador Raimundo Faustino (PT), de Francisco Morato, um dos suspeitos de participar da agressão. O advogado do vereador nega envolvimento de Faustino na briga.

O professor fazia parte da torcida organizada Mancha Verde. Ele foi agredido durante uma briga com torcedores do Corinthians perto da estação da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) em Franco da Rocha, no domingo.

Atingido na cabeça por um pedaço de pau, ele teve traumatismo craniano e estava internado no Hospital Estadual de Franco da Rocha, onde passou por cirurgia. Na terça-feira (19), os médicos suspenderam sedativos, mas ele não reagiu.

Na quarta-feira (20), os exames indicaram a morte cerebral e a família resolveu doar os órgãos.

Trinta torcedores foram detidos logo após o confronto. Quatro palmeirenses foram indiciados por rixa e lesão corporal e três corintianos por rixa e tentativa de homicídio. Com a morte do torcedor, os corintianos irão responder por assassinato.

Raimundo Faustino se apresentou na delegacia na segunda-feira (18) e disse à polícia que reagiu a algumas agressões, mas que não usou a madeira. O vereador, que já tinha se envolvido em briga da torcidas anteriomente, não ficou preso porque já tinha passado o flagrante. Faustino, que é conhecido como Capá, não quis falar com os jornalistas.

Vereador Raimundo César Faustino, de Francisco Morato, chega a delegacia (Foto: Reprodução/TV Globo)

Segundo o advogado, Thiago de Siqueira Coscia, negou envolvimento do vereador na briga. “Ele não participou dos fatos, das ocorrências, nada que possa vincular a imagem dele a essas agressões”, disse.

Em nota, o PT de São Paulo informou que criou uma comissão especial para investigar o envolvimento de filiados do partido na briga e declarou repudiar veementemente os atos de violência.



MORRE TORCEDOR DO PALMEIRAS QUE BRIGOU COM CORINTIANOS EM ESTAÇÃO DE TREM



Do UOL, em São Paulo 21/08/201407h44


Bruno Thadeu


Gilberto Torres Pereira, torcedor do Palmeiras, morto após briga com corintianos em estação de trem em Franco da Rocha Reprodução/Rede TV!

O torcedor do Palmeiras, Gilberto Torres Pereira, morreu na noite de quarta-feira. Ele não resistiu aos ferimentos sofridos no crânio em briga com torcedores do Corinthians, domingo, em estação de trem em Franco da Rocha.

Membro da torcida Mancha Alviverde, Gilberto estava internado na UTI do hospital estadual de Franco da Rocha em estado gravíssimo desde domingo. Ele passou por cirurgia. O palmeirense teve morte encefálica às 22h de quarta-feira.

Pereira foi espancado com pedaços de madeira em confronto com torcedores do Corinthians. Quatro palmeirenses e dois corintianos foram detidos e encaminhados ao presídio de Franco da Rocha. Os instrumentos usados na pancadaria foram examinados pela polícia.

A briga começou após encontro entre torcedores da Gaviões da Fiel, que voltavam de um evento, e palmeirenses, que se dirigiam ao Pacaembu para o clássico contra o São Paulo.

"Estão dizendo que os corintianos voltavam de uma festa. Mas voltar de uma festa com pedaços de madeira?", questiona o presidente da Mancha Alviverde, Marcos Ferreira, que crê em uma emboscada armada pelos corintianos.

Apontado pela polícia como participante da briga que vitimou Gilberto Pereira, o vereador Raimundo Faustino (PT) foi indiciado pelos crimes de rixa qualificada e lesão corporal. Capá, como é conhecido, prestou depoimento à polícia na segunda-feira à tarde e foi liberado. O caso foi encaminhado à Justiça.

O advogado do vereador, Thiago Coscia, nega participação do cliente no confronto. Raimundo Faustino tem histórico de confusão. Ele foi flagrado em briga entre organizadas do Corinthians e do Vasco na arquibancada do estádio Mané Garrincha, no ano passado, durante partida das equipes pelo Brasileirão.



segunda-feira, 11 de agosto de 2014

NO GRENAL, GREMISTAS QUEBRAM 25 CADEIRAS NO BEIRA-RIO



CORREIO DO POVO 10/08/2014 22:03


Gremistas quebram 25 cadeiras no Beira-Rio e dão prejuízo de R$ 7,5 mil. Administração do Inter mandará conta para o Grêmio até quarta-feira




A torcida do Grêmio não fugiu à rotina dos clássicos nos novos estádios do Brasil. No Gre-Nal da tarde deste domingo no Beira-Rio foram encontradas 25 cadeiras quebradas, uma conta que será enviada ao Tricolor de pelo menos R$ 7,5 mil, do acordo feito entre os clubes.

O levantamento das 25 cadeiras quebradas e uma pia do banheiro será enviado ao Grêmio até a quarta-feira. É de praxe que o rival cubra os gastos com atos como este de vandalismo. O Inter garante já ter pago a conta das cadeiras quebradas no Gre-Nal da Arena, no início deste ano. O custo é de R$ 300 por peça. A maior parte dos objetos danificados estava no centro do espaço ocupado pela torcida gremista.

Em março deste ano, na final do Gauchão, os colorados presentes na Arena depredaram também objetos. Na época, a administração do estádio gremista não divulgou o número oficial de cadeiras quebradas, mas extraoficialmente o número divulgado foi de 191 assentos. A conta foi paga pelo Inter.

Neste domingo, pelo Brasileirão, o Colorado de Abel Braga venceu o Grêmio de Felipão por 2 a 0. Antes do jogo, as torcidas entraram em conflito no entorno do Beira-Rio.

Fonte: Lancepress

ANTES DO GRENAL, BRIGA DEIXA DUAS PESSOAS FERIDAS



ZERO HORA 11 de agosto de 2014 | N° 17887


GRENAL. Briga deixa duas pessoas feridas



Uma briga nas proximidades do Beira-Rio antes do Gre-Nal deixou duas pessoas feridas, conforme a Brigada Militar (BM). O confronto entre torcedores de Grêmio e Inter teria ocorrido na esquina da Rua A com a Avenida Padre Cacique, por volta das 14h30min.

De acordo com o subcomandante do 1º Batalhão de Polícia Militar (BPM), Antônio Carlos Maciel Júnior, um grupo de cerca de 15 gremistas teria se desgarrado do local sinalizado para concentração da torcida do clube, próximo ao BarraShoppingSul. Ao acessarem a Rua A por dentro do Parque Marinha do Brasil, foram confrontados por alguns colorados que chegavam ao estádio pela Avenida Padre Cacique. Houve troca de xingamentos e, em seguida, iniciou-se uma briga generalizada.

– (Os torcedores) Começaram a discutir e logo voaram pedras e cavaletes. Um torcedor do Grêmio de 30 anos e um menor de idade foram medicados pelo Samu e encaminhados ao HPS. – O mais jovem acredito que seja um morador de rua, nem estava identificado como torcedor. Estava no lugar e na hora erradas – diz Maciel.

O Hospital de Pronto Socorro confirma a entrada apenas do adolescente. Até ontem à noite, ele seguia internado na sala de suturas. A polícia garante que prestou o apoio necessário ao jovem ferido. O outro rapaz teria sido atendido no local e liberado.

sexta-feira, 25 de julho de 2014

INTERNACIONAL ADOTA MEDIDAS CONTRA HOOLIGANS


CORREIO DO POVO 25/07/2014 11:02

Fabrício Falkowski / Correio do Povo

Torcidas organizadas do Inter alugam carteiras de sócios no Beira-Rio. Dirigentes determinaram retorno do exame biométrio na entrada do estádio




Torcidas organizadas do Inter alugam carteiras de sócios no Beira-Rio
Crédito: Fabiano do Amaral


A briga entre 11 torcedores do Inter, que destruiu a loja de conveniências de um posto de gasolina na noite do último domingo, tem novos desdobramentos. O episódio alertou a direção colorada para uma prática até certo ponto corriqueira entre as torcidas organizadas: o aluguel de carteiras de sócios em dias de jogos, fato que rende dinheiro e poder, e tem tudo para ser mais um ingrediente no caldeirão das disputas entre líderes e facções adversárias.

O Inter admite o problema. Tanto que nessa quinta-feira, na reunião que decidiu a suspensão da Guarda Popular e da Nação Independente por dois jogos no Beira-Rio, os dirigentes também determinaram a volta do exame biométrico dos torcedores das organizadas antes dos jogos. A ideia é implantar o mais rápido possível o esquema, que funcionou até antes da reforma do estádio. Os equipamentos já existem, mas são necessárias adaptações no sistema.“Sabemos que o aluguel de carteiras existe. Embora nunca tenhamos visto um caso concreto, já recebemos algumas reclamações sobre o problema”, observa o diretor de Torcidas do Inter, Luis Fernando Martins Oliveira, que completa: “Um episódio como o de domingo serve para alertar sobre várias coisas. O aluguel das carteiras é mais uma delas”.

O esquema funciona assim: em 2011, o Inter criou uma categoria especial de associados para as organizadas. Nela, os adeptos, limitados ao número de 1 mil, pagam R$ 35 por mês para entrar em todos os jogos do Beira-Rio, sem a necessidade de fazer check ou pagar pelos ingressos.

Cada uma das organizadas do clube tem direito a uma quantia desse tipo, mais ou menos proporcional à quantidade de seus integrantes. Como não há uma verificação no portão de acesso antes dos jogos para saber se o usuário é, de fato, o associado, as que sobram são “alugadas” por alguns líderes das torcidas organizadas por preços que variam de acordo com o jogo em questão. “Está rolando venda de carteiras e ingressos com lista em todas as torcidas. Não tem controle”, afirma uma fonte ligada às torcidas.

Chama atenção o fato de cinco dos seis envolvidos na briga não serem associados ao Inter. Em tese, inclusive, eles não estiveram no Beira-Rio para ver a vitória do Inter sobre o Flamengo. Teriam ficado ao redor do estádio, segundo informações do Inter. “O problema ocorreu em um posto de gasolina. Acho que estavam lá”, diz Luis Fernando Oliveira. Não é o que as fontes consultados pelo dizem: segundo elas, todos — ou quase todos — assistiram ao jogo dentro do estádio. E, depois, brigaram.

Nomes na lista são liberados

Além das carteiras, há outra forma de ingressar no estádio em dias de jogos do Inter sem pagar ingresso ou ser sócio: ter o nome em uma lista fornecida pelas torcidas para a direção do Inter. Em tese, tal lista existe para permitir o acesso de músicos, que tocam nas bandas das torcidas. No entanto, o expediente estaria sendo usado para a entrada de qualquer pessoa com bom trânsito entre os líderes — ou com disposição para “contribuir financeiramente” com a torcida.

Torcida suspensas por duas partidas

A Guarda Popular e a Nação Independente foram suspensas pela direção do Inter em virtude da briga entre seus integrantes na noite de domingo em um posto de gasolina. Elas não poderão acessar o Beira-Rio nos dois próximos jogos com “suas faixas, instrumentos musicais e não terão acesso ao estádio como integrantes de organizada”. Seus integrantes de forma individual, porém, poderão entrar normalmente no estádio.

Seis sócios foram excluídos do clube

Além da suspensão, o clube determinou a expulsão do quadro social dos seis associados envolvidos na briga. As outras cinco pessoas envolvidas no episódios, que não eram associadas do clube — e, segundo o Inter, nem assistiram à partida contra o Flamengo —, jamais poderão se associar ao Inter no futuro. A expulsão dos 11 brigões foi recomendada pelo Ministério Público.

terça-feira, 22 de julho de 2014

GUERRA ENTRE TORCIDAS DO INTER



ZERO HORA 22 de julho de 2014 | N° 17867


LEANDRO BEHS



Os bastidores da pancadaria

TORCEDORES DA GUARDA POPULAR não querem que os da Nação Independente usem o trensurb para se deslocar até o estádio



A briga entre integrantes das organizadas do Inter Guarda Popular e Nação Independente, na saída do Beira-Rio, após a goleada de 4 a 0 do Inter sobre o Flamengo no domingo, teve o saldo de uma loja de conveniências depredada, quatro atendentes feridos e 11 torcedores encaminhados ao Presídio Central.

Cinco deles estavam cadastrados pela Guarda Popular e um pela Camisa 12 – também do Inter. Os detidos só deixarão a cadeia após pagar uma fiança estipulada em R$ 10 mil.

Hoje, o delegado Paulo César Jardim os indiciará por dano qualificado, formação de quadrilha e lesões corporais. Com base no Estatuto do Torcedor, também serão enquadrados por participar ou provocar tumultos no trajeto do estádio. O Ministério Público (MP) solicitará ação cautelar para que os 11 sejam impedidos de frequentar os estádios e que se apresentem à polícia em dias de jogos.

Na noite de domingo, integrantes da Popular encurralaram torcedores da Nação. Em menor número, os componentes da Nação se armaram com paus e pedras e correram para dentro da loja de conveniências, onde passaram a ser atacados. Houve depredação, saques e agressões no interior do posto. Os vândalos são, em sua maioria, moradores de cidades como Canoas, Sapucaia do Sul, Esteio e São Leopoldo. O tumulto teve início porque os integrantes da Popular não querem que os torcedores de outras uniformizadas utilizem o trensurb em dias de jogos no Beira-Rio. Nenhum deles estava legalmente impedido de ir ao estádio.

– Eles não querem se cruzar no trem. A Popular quer o trensurb apenas para ela. Esta guerra ainda vai longe – disse uma fonte ligada às organizadas do Inter.

O titular da Promotoria do Torcedor, José Francisco Seabra Mendes Júnior, encaminhará à Justiça pedido para que estes torcedores sejam banidos dos estádios. Também solicitará à BM a suspensão das duas organizadas. O tempo ainda não foi determinado, mas a punição deverá ser válida já para o jogo pela Copa do Brasil no dia 30 de julho.

– Vou pedir uma sanção, Algo que sirva de exemplo, uma punição pedagógica – disse Seabra.

Seabra defende ainda um recadastramento de todas as organizadas da dupla Gre-Nal. Segundo ele, os registros atuais das torcidas estão defasados.

Conforme o delegado Luís Fernando Martins Oliveira, responsável no Inter pelas organizadas do clube, haverá punições aos que forem sócios colorados:

– Se confirmarmos que eles realmente estão cadastrados nas torcidas e são associados ao Inter, serão excluídos do quadro social. Podemos pensar também em sanções a estas organizadas.


Giba, de novo


Gilberto Bitencourt Viégas é o atual líder da Guarda Popular. Não participou da briga com a Nação Independente, mas acabou detido pela Brigada Militar, antes de Inter e Flamengo. Giba – que ganhou alguma notoriedade antes da Copa do Mundo, por anunciar que recepcionaria barrabravas argentinos em Porto Alegre e em Sapucaia do Sul, com 200 ingressos para Argentina x Nigéria, no Beira-Rio – estava impedido de ir ao estádio.

No ano passado, ele participou de uma briga no dia de um jogo do Inter em Novo Hamburgo e foi apontado com suspeito de agressão a um torcedor e a um guarda municipal. Durante a Copa, ele aceitou a medida que o impedia de ir ao Beira-Rio e exigia que se apresentasse a uma delegacia em Sapucaia.

No domingo, porém, Giba participou da caminhada em tributo a Fernandão, no Caminho do Gol, e tentou ingressar no estádio Beira-Rio.

– Ele foi flagrado pela Brigada Militar, pois estava descumprindo ordem judicial. Foi conduzido ao Jecrim do Beira-Rio, onde o juiz Marco Aurélio Xavier determinou o uso de tornozeleira eletrônica e que permaneça a 5 quilômetros de distância do estádio em dias de jogos – disse o promotor José Francisco Seabra Mendes Júnior.


OS DETIDOS. Confira abaixo os nomes divulgados pela Polícia Civil dos detidos na pancadaria. ZH não conseguiu contato com os presos.

-Guilherme de Farias
-Douglas Oliveira de Magalhães
-Emerson Ricardo Fernandes Cordeiro
-Gilberto Anderson dos Santos Rodrigues
-Enemias Flores de Menezes
-Dionatan Vargas Pulter
-Alessandro Ribeiro Sodre
-Rangel Nunes Sielichow
-Cleiton Correa Rodrigues
-Fabiano Costa e Silva
-Roger Ferreira Santos

segunda-feira, 21 de julho de 2014

TORNOZELEIRA PARA LIDER DA POPULAR DO INTER POR DESCUMPRIR DECISÃO JUDICIAL



DIÁRIO GAÚCHO 21/07/2014 | 13h55
Líder da Popular do Inter terá de usar tornozeleira eletrônica. Proibido de frequentar estádios de futebol, Gilberto Bittencourt Viégas, o Giba, descumpriu a medida na partida contra o Flamengo


De acordo com a Promotoria do Torcedor do Ministério Público (MP), Giba assinou um boletim de ocorrência por desobediência e foi intimado a comparecer em cartório para a colocação da tornozeleiraFoto: Pedro Moreira / Agencia RBS



Mauricio Tonetto



Impedido de frequentar estádios de futebol após se envolver em uma briga em Novo Hamburgo em setembro de 2013, o líder da torcida Guarda Popular do Inter, Gilberto Bittencourt Viégas, o Giba, descumpriu a ordem judicial na partida do último domingo contra o Flamengo e terá de usar tornozeleira eletrônica. Flagrado dentro do Beira-Rio, ele foi encaminhado ao Juizado Especial Criminal (Jecrim).


De acordo com a Promotoria do Torcedor do Ministério Público (MP), Giba assinou um boletim de ocorrência por desobediência e foi intimado a comparecer em cartório para a colocação do equipamento de controle. Se descumprir a determinação, terá a prisão preventiva decretada.

– Foi um descuido da minha parte por falta de conhecimento. Eu achei que a proibição tinha acabado com o fim da Copa do Mundo. Não foi e acabei sendo punido mais uma vez. Diante disso, estou de acordo com a decisão – afirma.

Durante a Copa do Mundo, Giba foi proibido de ver as cinco partidas no Beira-Rio e não pode acompanhar a Argentina em outras sedes. Isso porque ele havia falado que receberia um grupo de barra bravas em Sapucaia do Sul, na Região Metropolitana. O líder da Popular teve de se apresentar à Polícia Civil nos dias de jogos na Capital.

No mês passado, Giba foi baleado pela Brigada Militar próximo ao estádio do Internacional. De acordo com o setor de inteligência da polícia, ele estava em um carro com mais três pessoas quando foi abordado em uma rua transversal à Avenida Padre Cacique. Os policiais alegaram que ele fugiu.

Desde abril de 2008, foram registrados 1014 atendimentos nos postos do Jecrim no Beira-Rio (440), Olímpico (485) e Arena (87). Em Novo Hamburgo, onde o Inter disputou parte dos jogos do Campeonato Brasileiro de 2013, foram três ocorrências. Já em Caxias do Sul, desde a implantação do Jecrim, em 2010, foram 72 ocorrências.