segunda-feira, 26 de maio de 2014

PRESO POR TRÁFICO

FANTASTICO 25/05/2014 21h14

Ex-presidente da torcida 'Sangue Jovem' do Santos é preso por tráfico. Luciano Diesner foi preso por tráfico de drogas e envolvimento com a facção criminosa que age dentro e fora dos presídios paulistas.




A Sangue Jovem, com cerca de 10 mil associados, foi fundada há 25 anos, tornou-se a segunda maior torcida organizada do Santos Futebol Clube.

Na quinta-feira passada, Luciano Diesner, um dos líderes da Sangue Jovem, foi preso. Ele já foi presidente da torcida. As acusações: tráfico de drogas e envolvimento com a facção criminosa que age dentro e fora dos presídios paulistas. Na casa dele, foi encontrado meio quilo de maconha. E na sede da torcida, mais 50 gramas.

Outras sete pessoas também foram presas, acusadas de vender drogas na região de Santos, litoral paulista. Entre elas, Peterson Silveira Cavarzan, apontado como o chefe dos traficantes.

“O Luciano pegava uma quantidade boa de entorpecente com o Peterson e repassava esses entorpecentes para pessoas e integrantes da torcida”, afirma o delegado Carlos Alberto da Cunha.

Luciano: Eu separei pra tu um pedação da hora. Dá uma brisa legal.
- Tranquilo. Valeu

O inquérito também revelou que, com o dinheiro do tráfico, a quadrilha mandou fazer duas lanchas. Segundo a polícia, uma das lanchas seria para Peterson se divertir. A outra ele daria de presente para integrantes do crime organizado.

“Muitas necessidades de material da torcida, o traficante que supria. Era uma relação promíscua entre o crime organizado, a liderança da torcida e o traficante Peterson”, afirma Carlos Alberto da Cunha, delegado.

Luciano Diesner foi presidente da Sangue Jovem de 2011 a fevereiro deste ano.
Na ficha policial dele, constam duas prisões por porte de maconha, em 2003.

Cinco anos depois, antes de uma partida contra o Grêmio, na Vila Belmiro, ele jogou um cavalete de trânsito num carro da polícia e foi pra cadeia.

Em dezembro de 2012, em Santos, houve uma briga e dois corintianos ficaram feridos. Na sede da Sangue Jovem, a polícia encontrou pedaços de madeira e barras de ferro. Naquela época, Luciano era o presidente da torcida. E, numa conversa recente, Luciano conta que a Sangue Jovem se envolveu numa briga depois jogo contra o Coritiba, na capital paranaense, no mês passado.

“Quando o ônibus saiu, eles vieram da esquerda, da direita e de trás. Jogamos uma pá de rojão, jogamos 25 rojão. Meia hora de fogos em cima deles”, diz Luciano.

Luciano diz que nem foi necessário usar as barras de ferro, que estavam escondidas.

“As barras deixamos entocadas antes de chegar em Curitiba. Entocamos as barras, os rojões, as bomba caseira”.

A advogada de Luciano disse que o meio quilo de maconha encontrado na casa dele era para consumo próprio. Sobre a prisão de Luciano, preferiu não se manifestar. O advogado de Peterson Cavarzan não retornou nossas ligações.

O atual presidente da Sangue Jovem negou o envolvimento da torcida com atividades ilícitas.

“Não existe nenhum tipo de outra administração além das nossas idas para os jogos, a produção de materiais e entre outras atividades que são ligadas extremamente ao esporte”, disse Alexandre Cruz.

“O que a gente espera é que a torcida Sangue Jovem continue fazendo o trabalho dela em prol do clube mas não envolvida com o crime organizado e com o tráfico de drogas”, comenta Carlos Alberto da Cunha, delegado.

TORCEDORES DENUNCIADOS POR BRIGAS EM ESTÁDIO CONTINUAM SOLTOS

REDE GLOBO, FANTÁSTICO, 26/05/2014 00h40


Em 2009,14 torcedores foram denunciados pela invasão de campo em Curitiba. Ninguém está preso e os processos continuam na Justiça.




Imagens gravadas por câmeras de segurança no Recife mostram brigas violentas entre torcidas organizadas. E levaram à prisão de dois homens, nessa sexta-feira.


É o capítulo mais recente de uma rotina de violência no futebol. Também no Recife, outra história deixou o Brasil perplexo.

“Eu chorava, quando eu via na televisão, as dores de outras mães e, hoje, eu choro a dor, sentindo na pele a perda do meu filho”, desabafa a dona de casa Joelma da Silva.

“Tem que dar um basta nessa violência, porque é em todo o Brasil e está manchando até o nome do nosso país”, pede José Paulo Ramos.

O filho de Seu José e Dona Joelma morreu no Estádio do Arruda, no Recife, no dia 2 de maio. Torcedor do Sport, Paulo Ricardo tinha ido a um jogo do rival Santa Cruz. Na saída, dois vasos sanitários foram jogados do alto da arquibancada e atingiram quatro pessoas. Entre elas, Paulo Ricardo.

Três homens foram presos e confessaram ter arremessado os vasos sanitários em cima dos torcedores.

Os três homens foram denunciados pelo Ministério Público de Pernambuco pelo homicídio de Paulo Ricardo e por tentativa de homicídio contra os outros torcedores que também ficaram feridos. Para a polícia, e até para ex-integrantes de torcidas organizadas, Paulo Ricardo morreu por causa da impunidade no futebol.

"Já houve, em anos anteriores, casos de eles jogarem privada, extintor de incêndio em policiais, também tentando atingir torcedores de torcidas rivais”, lembra o delegado José Silvestre.

Um torcedor prefere não mostrar o rosto: “A culpa é do marginal. Mas a culpa também é da impunidade, porque se tivesse punido aquele cara que jogou um vaso e não machucou ninguém, ninguém mais iria jogar".

"Ele tem que ter medo de ser preso. Porque o respeito já se perdeu faz muito tempo", comenta o delegado.

Em 2009, Curitiba, a invasão de campo lembrada pelo Fred na reunião do Fantástico. Quatorze pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público. Ninguém está preso. Os processos continuam na Justiça.

2013, Joinville, em Santa Catarina. Vinte e cinco pessoas foram presas depois da briga entre as torcidas de Atlético-PR e Vasco. Todas estão soltas e ainda vão a julgamento.

Fevereiro de 2014. Cerca de 100 pessoas invadiram o centro de treinamento do Corinthians, não encontraram os jogadores, mas roubaram e agrediram funcionários. Os três detidos foram soltos duas semanas depois.

“As leis existem. O que falta é a punição, é a aplicação da lei e a redução da impunidade”, afirma o sociólogo Maurício Murad.

O sociólogo Maurício Murad é um dos maiores estudiosos da violência no futebol. “A violência nos estádios está ligada a setores, vândalos, delinquentes, que estão infiltrados nas torcidas organizadas. São setores minoritários, mas violentos. Há muito alcoolismo, tráfico de drogas e armamentos”, aponta.